Retrato da dor
imprimiu-se na face da moça
a dor que lhe afligia o coração,
passo a passo o tempo sarava
e mudava sua feição.
Lentamente era aplacada
aquela enorme ferida,
com unguento do tempo
tornava a virver a vida.
Os nóis desatados da dor,
que a pouco apertava-lhe a alma,
aos poucos sentia soltar-lhe
e trazia de volta à calma.
Passado, recente, doído
com memórias repletas de amor,
como pôde em tão pouco tempo
transformar-se em tamanha dor.
Dor que não tinha remédio
a não ser sentir fulminar,
aquele pobre coração
que só fazia chorar.
Um toque de sino bastava
ou a musica que se punha a tocar,
tudo o mais que acontecia
era motivo pra se acabar.
Nunca sofreu dor maior
nem tamanha traição,
mais um pouco morre em vida
este triste coração.
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