Usina de Letras
Usina de Letras
32 usuários online

Autor Titulo Nos textos

 

Artigos ( 62275 )

Cartas ( 21334)

Contos (13267)

Cordel (10451)

Cronicas (22539)

Discursos (3239)

Ensaios - (10382)

Erótico (13574)

Frases (50664)

Humor (20039)

Infantil (5454)

Infanto Juvenil (4778)

Letras de Música (5465)

Peça de Teatro (1376)

Poesias (140817)

Redação (3309)

Roteiro de Filme ou Novela (1064)

Teses / Monologos (2435)

Textos Jurídicos (1961)

Textos Religiosos/Sermões (6206)

LEGENDAS

( * )- Texto com Registro de Direito Autoral )

( ! )- Texto com Comentários

 

Nota Legal

Fale Conosco

 



Aguarde carregando ...
Discursos-->ACADEMIA CAMOCINENSE-ACL - DISCURSO DE POSSE -- 26/12/2002 - 12:41 (BRUNO CALIL FONSECA) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
– DISCURSO DE POSSE –

ACADEMIA CAMOCINENSE-ACL – Cadeira nº 23.
Sr. Presidente,
Sr. Prefeito Municipal,
Demais Componentes da Mesa,
Caríssimos confrades,
Ilustres convidados,

Permitam-me quebrar o protocolo para saudar, de um modo muito especial, aos meus conterrâneos e familiares, representados pela Presidente da Câmara de Vereadores de Guaraciaba do Norte e pelos meus pais, aqui presentes.

Inicialmente, me faltam palavras para externar a imensa alegria que ora invade meu ser. Um desejo aflora neste momento: o de ter todas as qualidades para ser realmente considerado um literato e sei que elas me falecem, contudo, procuro me contentar em ter na Literatura uma boa amante, uma vez que sou casado com a advocacia, abraçando a causa da justiça. Justiça, Sr. Presidente, caros confrades cujos ideais muito cedo aprendi a nutrir e a respeitar, a partir do exemplo decisivo de meus pais: Sr. Izídio Ribeiro Lira e Sra. Luíza de Araújo Lira, aqui presentes, aos quais faço questão de manifestar minha homenagem, meu carinho e apreço. A alegria não seria a mesma se eles aqui não estivessem.

Os ensinamentos dialéticos da justiça, com suas técnicas filosóficas e científicas avançadas, não me foram surpreendentes nos bancos universitários; pois nos distantes anos em que vivíamos no Sítio Correios, enquanto Papai se ocupava de seus afazeres e a Mamãe dos serviços de casa e da velha máquina de costurar, nos fazíamos conhecedores do ensinamento maior e do objetivo da justiça: dar a cada um o que é seu, ser trabalhador e batalhar para vencer na vida, com dignidade. E tudo isso, sem quase nenhum estudo, papai e mamãe passaram com maestria para meus irmãos: Gerardo, Maria Luiza, D’ Assis, Sérgio, Elisiane e a mim.

Aqui estou, após árdua trajetória e para que isso acontecesse, venci obstáculos, trabalhei e lutei. Tal recordação me faz lembrar o grande eterno mestre Machado de Assis e sua afirmativa: “A vida sem luta é um mar morto no centro do organismo universal” e sei, pelas tarefas e dificuldades porque passei, que posso considerar, minha curta caminhada, uma luta autêntica pela vida, pelo direito, pela literatura, enfim pelo amor que minha madrinha Rachel de Queiroz diz ser “a maior aspiração do ser humano”.

O eminente Guimarães Rosa afirmou que, “Cada criatura é um rascunho a ser retocado sem cessar”. Eis aí uma das razões de aqui eu estar e me sentir à vontade para me ombrear com esta plêiade de intelectuais da Cidade onde me encontrei com o mar, quando contava aproximadamente 12 anos – o mesmo mar evocado por Fernando Pessoa na poesia “Mar Português”, dizendo que “Deus ao mar o perigo e o abismo deu, mas nele é que espelhou o céu”.

Camocim, para o serrano nascido no cinturão verde de Guaraciaba do Norte – Sítio Correios –, era o encontro com a aventura – o litoral, os mares bravios desta Terra de Alencar, aqui muito mais verdes que noutros pontos do Ceará, algo distante de seu mundo de brincadeiras nos sítios e ruas do Campo Grande de antes, atual Guaraciaba do Norte.

Fui conduzido para cá pela mão santa do saudoso Mons. Antonino Soares, nome dos mais respeitados do Clero Cearense. Tudo isso me vem à mente quando chego a Camocim, tão bem administrada pelo Dr. Sérgio Aguiar; sendo uma das mais férteis municipalidades cearenses na área cultural e quisera este modelo se difundisse por todas as plagas deste Estado.

A terra que serviu de berço ao grande aviador Pinto Martins, que acolheu o intelectual sacerdote Mons. Expedito Silveira de Souza, a quem fui pedir a bênção logo que aqui cheguei, meu anfitrião nos tempos de Mons. Antonino, nosso amigo; acolhe atualmente o Prof. Roberto Pires de Oliveira, um destemido batalhador em prol da literatura cearense. Não fora sua determinação, aqui não existiria a Academia Camocinense de Letras, que agrega intelectuais da mais alta envergadura e isto me faz consciente de que não possuo mérito para aqui me imortalizar, contudo me sinto imensamente feliz pela distinção.

RPires, nome literário deste cearense nascido nas terras imperiais de Petrópolis, Presidente do Silogeu, objetivando imortalizar a célebre Rachel de Queiroz em mais esta Corte Literária, a sondou sobre seu Curriculum Vitae e isto fez com que nos conhecêssemos, pois fui por ela indicado possuir um currículum adequado da respeita escritora e, assim, fui procurado pelo já confrade RPires e daí nasceu uma estreita amizade. (Para minha alegria o currículo está na page da Rachel no nosso querido Literário on Line)

À querida Rachel, a mais aplaudida escritora viva do Brasil, minha madrinha e amiga, agradeço a indicação feita ao Prof. Roberto Pires mencionando que seu melhor Curriculum existente era o por mim elaborado, o que me deixou deveras emocionado em face do reconhecimento da Escritora.

Poucos dias depois, presenciei a posse de Rachel nesta Egrégia Academia, em solenidade realizada no Não Me Deixes, com a presença dos Acadêmicos Roberto Pires, Ana Pires, B. Mota e Denílson Siqueira, hoje distinguido com o Mérito Cultural da ALMECE, além de pessoas queridas da escritora, dentre as quais Rosita Ferreira. Era aquela a segunda ali realizada, uma vez que a primeira, por mim idealizada, foi a outorga do título de Sócia Honorária da ALMECE – Academia de Letras Municipais do Estado do Ceará – à Senhora do Não Me Deixes, Maior Dama da Literatura Brasileira.

A ALMECE, no dia seguinte à solenidade no "Não Me Deixes", onde além de Rachel de Queiroz tive a alegria de levar Reitores, Bispos, Padres, Escritores, Advogados, Presidente da OAB/CE., Magistrados, Políticos, dentre outros que tenho no meu rol de amizades. É de se considerar que no pouco tempo em que ali estou, tenho procurado engrandecer a ALMECE nos mais variados contextos, o que pretendo fazer também pela nossa já amada Academia Camocinense de Letras.

Ressalto: foi na ALMECE, sediada no Templo Sagrado do Maior Poeta Popular Brasileiro, Juvenal Galeno, que nasci para a Literatura, embora já tivesse dois livros publicados e fosse articulista de jornais da Capital, quando lá ingressei. Na Casa de Juvenal Galeno, pontificam o Mestre Alberto Galeno, o batalhador Lima Freitas, incansável Presidente da ALMECE e a maviosa Presidente da Ala Feminina, Matusahila Santiago, todos têm realizado trabalho dos mais profícuos e duradouros.

Quero confessar que na vida tenho muitos amigos. E o que seríamos sem eles? Para dividir momentos alegres, tarefas e até dificuldades? Alguns preservo desde a infância, a exemplo do Pinho, Rosiane Marinho, Zuleide Madeira, Nenê Martins, Luciano Ribeiro e Tatiana Barroso; outros, na área Literária, dentre os quais Rachel de Queiroz, Imortal do Sertão Brasileiro, a Profª. Francinete Azevedo, a companheira de Rotary e escritora Matusahila Santiago, que ora são distinguidas com o Diploma de Mérito Cultural da Academia Camocinense, o Jornalista Lima Freitas, também imortalizado hoje, a poetisa Giselda Medeiros, Princesa dos Poetas do Ceará e o Prof. Roberto Pires, agora meu confrade. E muitos outros se enfileiram, dentre eles os mais novos, os quais saúdo nas pessoas de Caroline Schuster e Carlos Eduardo Paz.

Relembrar é viver e quando os olhos volvem para o passado, uma saudade intensa aflora fazendo com que eles fiquem marejados, principalmente quando alguns daqueles que não mais podemos enxergar com olhos humanos são lembrados. Falo, evidentemente, do velho Levita do Senhor – Mons. Antonino Soares, do Vovô Lira e da Vovó Anísia, do Vovô Balé e da Vovó Maria e da Mãe Nelsa.

Tentando me refazer da emoção, passo à obrigação que nos garante a imortalidade literária, o elogio do Patrono. Antes, porém, ressalto mais uma vez a alegria de que me revisto nesta data, 23 de março, Dia Internacional da Juventude, em que passo a ocupar a Cadeira de no 23. A juventude que comemoramos deve ser uma das preocupações constantes dos literatos. O que será do cidadão de amanhã se hoje ele não der valor à cultura, às artes, às religiões, enfim, à vida? Fica o questionamento, e para reflexão, as palavras do Dom Hélder Câmara, o mais autêntico Santo nascido neste Solo Cearense: “O segredo para ser sempre jovem, é ter uma causa a que dedicar a vida.

A Cadeira que muito honrosamente ocuparei não possui antecessores, portanto, me aterei ao jurista, político e escritor Anésio Frota Aguiar, doravante meu Patrono. Dr. Frota Aguiar, nasceu em Camocim, a 7 de agosto de 1901. Estudou em Escolas Primárias de Massapê, Sobral e Pacoti. Fez os estudos preparatórios no Colégio Pedro II (RJ) e bacharelou-se em Direito pela Faculdade Nacional de Direito, da Universidade do Brasil (Turma de 1929). Foi empregado no comércio, funcionário da Central do Brasil e Delegado de Polícia.

Ingressou na política, elegendo-se seguidamente Vereador, Deputado Estadual e Federal no Rio de Janeiro. Foi Presidente do Instituto de Previdência do Estado do Rio e da Casa do Ceará, na antiga Capital do Brasil. Entre as entidades a que pertenceu, estão o Instituto dos Centenários, a Federação das Academias de Letras do Brasil, a Associação Brasileira de Imprensa – ABI, Ordem dos Jornalistas do Brasil – OJB e Ordem dos Advogados do Brasil – OAB. Foi Titular da Cadeira de no 29 (Patrono: Júlio Ibiapina), da Academia Cearense de Ciências, Letras e Artes do Rio de Janeiro. Casou três vezes, sendo as últimas núpcias com a Sra. Maria de Jesus Rocha Pinto Aguiar.

Publicou os seguintes trabalhos: Assuntos Jurídico-Policiais; Lenocínio como Problema Social; Criminalidade e Segurança sob o Aspecto Sócio-Econômico; Flagrantes de Emoções; O Samba e sua História; Os Bravos Anônimos (Perfis e Assuntos Policiais) e O Último Canto do Cisne, dentre outros.

Através do Decreto no 20.268, de 20 de julho de 2001, da Prefeitura Municipal do Rio de Janeiro, foi reconhecido logradouro público da Cidade do Rio de Janeiro, a Rua Deputado Anésio Frota Aguiar, situada no Bairro Vila Valqueire, na XVI Região Administrativa – Jacarepaguá. Eis o que eu tinha a dizer a respeito deste ilustre colega na Advocacia, esse jurista por excelência, o Camocinense imortal da Academia Cearense de Ciências, Letras e Artes do Rio de Janeiro, que tanto orgulho deu a sua gente e a este indigno ocupante da Cadeira por ele patroneada nesta Arcádia.

Lembro-me agora das palavras de um português chamado Santos: “Pode-se tirar o homem do seu País, mas não se pode tirar, do coração do homem o seu País”. Pois bem, se pudesse, correria para o meu torrão natal, Guaraciaba, aqui representada de fato, pelos meus conterrâneos, e de direito, pela Exma. Sra. Presidente de Câmara, e nos Correios e Bananeira, abraçaria meus amigos e parentes, para comemorar este grande momento, uma vez que o “matuto sai do mato, mas o mato jamais sai do matuto. Guaraciaba do Norte, realmente é o meu definitivo. As cidades grandes, os outros Municípios são todos provisórios. Essa simbiose se justifica pelo fato de meu sangue ser misturado com aquela terra, para onde um dia vou voltar, tal qual a asa branca que foge no verão, mas logo que caem as primeiras chuvas ela volta.

As palavras iniciais revestidas de alegria, envolvidas pela emoção, agora se transformam em gratidão aos membros da Academia Camocinense de Letras – especialmente ao Prof. Roberto Pires, principal responsável por este Ato Solene que tanta satisfação me dá, à Acadêmica Rachel de Queiroz, à Secretária Ana Margarida Pires e principalmente ao Acadêmico Luiz Gonzaga Barbosa da Mota, que nesta noite me apresentou a esta Casa, emocionando-me com suas palavras generosas, enfim, a cada um dos acadêmicos, às autoridades presentes, aos convidados, aos familiares, amigos e professores. Agradeço ainda e muito respeitosamente, o estímulo da Dra. Regina Pamplona Fiúza, Diretora da Academia Cearense de Letras, essa incentivadora na divulgação da cultura cearense, que presenteia a Academia Camocinense com uma coleção de publicações da Academia Cearense de Letras, entre novos e raros livros, agora repassados ao Prof. RPires.

Desde criança, minha experiência com o sagrado, o solene, foi constante. Mesmo nascido num Sítio, sem as atuais técnicas modernas, sendo que a muitas delas ainda não me adaptei, desde cedo aprendi e reverenciei o Sagrado. É um assunto que pouco falo, mas minha vida retrata: ex-seminarista, o trabalho literário a que mais me dediquei foi a biografia do meu Guru, Mons. Antonino. Sou admirador convicto de São Francisco de Assis – o mais perfeito dos Santos, de Dom Hélder Câmara – Santo no coração do povo, e Santo Agostinho – o Bispo de Hipona, Filósofo e Doutor da Igreja Católica.

Pedimos a Jesus, o Rabi de Nazaré, que nos abençoe a todos, nos dê luzes e me ajude a honrar a missão ora a mim confiada, não esquecendo que “O importante não é só começar bem, mas terminar bem, dizeres do Mons. Arnóbio de Andrade.

Fiquei deveras orgulhoso com tão insígne homenagem, ao tempo em que me torno grato extremamente ao Autor da Vida, Aquele que é responsável por tudo de bom em nossas existências o nosso Deus, lembrando que “Os primeiros serão os últimos e os últimos, os primeiros”. Senhor Presidente, RPires, caros confrades eminente platéia, faço minhas as palavras de Carlos Drummond de Andrade, no ano de seu centenário, caminhemos “de mãos dadas” e espero um dia poder, a exemplo do grande físico Albert Einstein, dizer: “A mais bela e profunda emoção que se pode experimentar é a sensação do místico. Este é o semeador da verdadeira ciência. Aquele a quem seja estranha tal sensação, aquele que não mais possa devanear e ser empolgado pelo encantamento, não passa, em verdade de um morto”. Muito Obrigado.

José Luis Lira em,

Camocim, (CE.), 23 de março de 2002.

Discurso de Posse na ALMECE - Academia Municipalista de Letras do Ceará.

Comentarios
O que você achou deste texto?     Nome:     Mail:    
Comente: 
Renove sua assinatura para ver os contadores de acesso - Clique Aqui