Nascida em Belém, Amélia Alves é poeta e educadora, graduada em Letras e experiências variadas no exercício do magistério de língua e literatura. Atua na área da poesia e da educação à distância, com mestrado e especialização em mídia na educação.
Fica aqui registrada, colhida do site Nave da Palava, a sua maravilhosa poesia "Diáspora".
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"Diáspora" .
No útero da mãe África
fervilham seios que amamentam os filhos do amanhã
e costuram os tecidos da verdade temporã na América
de tantos escravos e navios negreiros aportados
na escuridão de brasis, jamaicas, cubas e haitis
- todos mortos pelas terras e serras maestras
de amanheceres construídos com baionetas e fuzis.
Em portos ricos e bahias, cantaremos a sorte
da sobrevivência sobre tanta morte.
No encontro com a terra te elegeremos - ilê-ayê,
e flutuaremos, como velas nascidas da renitência,
em aflitas razões, racismo e resistência ,
ao som de atabaques, tambores e tamborins
e também assim faremos um samba na Mangueira
ou entoaremos um blues em New Orleans.
Vasculharemos tudo: instintos, sentimentos, religiões,
raízes indevassadas e meras intuições.
De onde nos tiraram as verdades,
sucumbiram saudades e lamentos.
E depois, ainda mais escravidão.
No ruir de tudo, memória e banzo.
O novo mundo é quando ?
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