Para muita gente, era mais que evidente: ele era um corrupto nato; de berço. Um político mentiroso. Astucioso. Sempre envolvido em falcatruas. Não cumpria promessas. Mas fazia.
Sua residência era uma luxuosa mansão. Foi muito perseguido. Por muita gente. Dizia que era inveja. Ou trama política. Coisas assim.
Registrava uma infinidade de processos correndo na Justiça. Não saía das páginas dos jornais. Na seção policial. Nas colunas sociais.
Até que, finalmente, foi preso. Mas seus advogados intercederam. Não havia provas. E o juiz o libertou novamente. Deu entrevistas. E voltou a fazer tudo do mesmo jeito. E os processos continuam nos escaninhos da Justiça. Pulando de instância em instância.
Continua indiciado. Continuam os indícios. Nunca foi réu. Até que se prove o contrário. A Justiça é cega, no dizer do povo comum. Faz vistas grossas, no dizer dos maldosos e ignorantes. Só não vê quem não quer. Faltam provas. Faltam leis. Faltam recursos. Sobram desinteresses. Conivências. E as providências andam de bengala.