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Cartas-->Do escritor Pessoa de Morais -- 19/10/2003 - 09:50 (Francisco Miguel de Moura) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
CARTA DE PESSOA DE MORAIS



Recife, 3 de agosto de 1971

Meu caro Miguel de Moura:


Já estava para lhe escrever há vários dias, pois simpatizei muito com o seu livro e a sua carta, uma vez que revelou uma coisa muito rara entre escritores que se iniciam: mostra um elevado sentimento de autocrítica e, mais do que isso, uma exigência para com você mesmo só encontrável em intelectuais conscientes do seu valor, uma vez que o comum é se estar pensando que já se alcançou níveis definitivos. Esse é um dos maiores empecilhos na carreira do intelectual, senão o maior.
Observo, na verdade, que somente as inteligências mais promissoras são capazes de possuir essa visão, a coincidir exatamente com o seu caso.
Quando você se exprimiu como o fez na carta que me escreveu e fui ler o seu livro tive uma certa surpresa. Não que “Areias” represente um estágio delineado ou definitivo. Não quero dizer isso. O que desejo expressara, com toda a sinceridade e com a maior satisfação, é que encontrei através de seus poemas uma sensibilidade, uma perscrutação de certos traços das coisas, com alguns laivos de transfiguração literária que me fizeram pensar, com seriedade, nisso: nas pontencialidades que você possui para a literatura, reveladas no livro que gentilmente me enviou e que gostaria de ver desenvolvidas em trabalhos subseqüentes. Há já em “Areias” certas conotações modernas ajustadas a uma sensibilidade que terá evidentemente de prosseguir.
Agradeço muito a gentileza de me ter mandado o único exemplar que ainda tinha em mãos, conforme me diz. Num dos meus próximos artigos vou fazer vou fazer referência ao seu trabalho de maneira incisiva, como merece, inclusive pela consciência que tem da atividade intelectual. O que me agrada sobretudo pelas fortes esperanças que me fazem sugerir a seu respeito.
Estou relendo agora sua carta, onde vejo que está com novos planos intelectuais, pretende inclusive realizar-se no ensaio, embora venha tentando a ficção: romance e conto; que acaba de ganhar um prêmio na Faculdade Católica de Filosofia do Piauí, por um pequeno ensaio sobre a poesia de Castro Alves. Parabéns. Quero apenas lhe acrescentar que o ensaio é hoje muito valorizado, apesar do valor indiscutível dos demais gêneros. Vi um artigo seu muito bom, de crítica literária, no rodapé do Suplemento de “O Dia”, que o nosso estimado Magalhães da Costa me mandou por último, por conter uma notícia a meu respeito. Ele é um amigo a quem estimo de maneira especial a me dizer na carta que me escreveu, como me disse, ter sido sugerido para mandar seu livro por indicação dele, e isto tem para mim um sentido particular. O próprio Magalhães falou-me muito numa de suas cartas (estou relembrando agora) do seu nome como intelectual ligadíssimo a ele.
Continue me escrevendo que ma dará todo prazer.

Disponha sempre,
Com um forte abraço, de

a) PESSOA DE MORAIS.

Endereço: Rua Gervásio Pires, 881
Boa Vista – RECIFE – PE.
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