Usina de Letras
Usina de Letras
152 usuários online

Autor Titulo Nos textos

 

Artigos ( 62072 )

Cartas ( 21333)

Contos (13257)

Cordel (10446)

Cronicas (22535)

Discursos (3237)

Ensaios - (10301)

Erótico (13562)

Frases (50478)

Humor (20016)

Infantil (5407)

Infanto Juvenil (4744)

Letras de Música (5465)

Peça de Teatro (1376)

Poesias (140761)

Redação (3296)

Roteiro de Filme ou Novela (1062)

Teses / Monologos (2435)

Textos Jurídicos (1958)

Textos Religiosos/Sermões (6163)

LEGENDAS

( * )- Texto com Registro de Direito Autoral )

( ! )- Texto com Comentários

 

Nota Legal

Fale Conosco

 



Aguarde carregando ...
Poesias-->A BUSCA DA VERDADE E OUTROS SONETOS -- 18/05/2009 - 00:00 (Francisco Miguel de Moura) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
A BUSCA DA VERDADE





Francisco Miguel de Moura*





Na busca da verdade, o homem pensa

Sem viver o seu mundo mais humano.

Com afastar de si o gozo insano

De quem age com a força do que vença?



Nesse pensar existe a força imensa

De suportar o genes desumano,

De perdão do pecado e o desengano

Das virtudes do outro, o que não pensa.



É o sofrimento em tudo e toda a idade,

Nulificando o ego e a liberdade

Por carregar a dor. E ainda duvida?



Pois não foi Cristo, em sua divindade,

Quem disse orbe et urbe, sem vaidade:

“Sou o caminho e verdade e a vida”?







A FALTA DO ESPÍRITO







Outrora eu tive angústias tão exasperantes

Como não crer em Deus, não querer o futuro.

Hoje, disto curado, inda mal me seguro,

Sem ter nem encontrar certezas fascinantes.



E em vão feridas saram num velho viajante

De todo resolvido a construir sua obra

Sem voltar-se ao espírito, uma nova dobra

Pra expulsar o veneno solto a cada instante.



Perante a humanidade igual a mim, sem fé,

Menti ser diferente e me fazendo até

Acreditar que bem mostrava novo exemplo.



Hoje, o saber humano, eu sei, feito de lama,

No proscrito me atira onde está minha cama

Porque fiz da matéria a base do meu Templo.





A TRISTEZA







Todo mundo algum dia esteve triste,

com vergonha de ser, de se mostrar,

sem querer aceitar, quando resiste,

o “eu”, o outro, o céu, a terra e o ar.



Por ter doenças difíceis de curar,

só pensando um futuro aterrador,

se o mal, de qualquer forma, foi o amor

que lhe faltou... Por quê? Não soube amar.



Também sofri por isto e, sem receio.

Com risos que não tenho – meus inventos –

vou castigando o monstro-orgulho feio.



E aprendi a lavrar meus sentimentos,

guardando o cabedal dos pensamentos

num cofre de saúde e de amor cheio.





COMO SABER









Sou como a natureza: Não me deixo

transformar porque apenas alguém quis;

não julgo nem condeno, mediatriz,

penso de mão na testa e não me queixo.



Penso e resolvo o que me diz respeito,

por dentro e não por fora, que é ilusão.

De que vale pintar “sim” sobre “não”?

de que vale mostrar o que é desfeito?



Previno-me de enganos aonde for...

Mas como vou saber se sou cativo

da razão? se nasci só para o amor?



Como é que vou saber da minha sorte,

se me perco no mundo em que cultivo

razão e sentimento, e vida, e morte?







CONSOLATRIA







1



A casa era modesta e me convinha,

Olhei de esguelha, o morro. Ela, trepada,

Não me disse da bela namorada,

Que guardava, sonhando e tão sozinha.



Não havia por perto outra vizinha,

Nem outro viandante pela estrada.

Sol da manhã e a porta escancarada,

E uma donzela ao meu encontro vinha.



Minha pressa tomou-se de harmonia

Aos seus passos cantantes de alegria

Para abraçá-la em frente da janela.



E a moça arrependeu-se e, com bondade,

Me disse que eu voltasse... Na verdade,

Pensou que eu fosse o namorado dela.







2





Fiquei lutando contra o desengano,

Adivinhando um dia nos meus braços.

Guardava, em pensamento, os belos traços.

Que ela guardasse os meus, sem novo engano.



E assim refiz mil vezes o caminho,

Percorrendo sem pressa ou azedume,

Sem ter medo, vergonha nem ciúme,

Mas não ganhei sorriso nem carinho.



Falei comigo: – Se ela não me quis,

Não deixarei jamais de ser feliz,

Pois me sobrou a imagem mais singela



Que se compõe qual fosse uma viagem

Sem mala, sem bilhete nem passagem,

Ao lado de outra virgem igual a ela.











3

Tantos anos passaram... E ainda agora

De tudo que guardei da adolescência,

Aquele tempo de espera e paciência,

Como saudade no meu peito mora.



Tão casual o encontro, muito embora,

Duradoura demais minha insistência,

Que eu jurava ser simples inocência,

Agora sei que o homem não tem hora



Para amar ou pra conquistar o amor,

Quer este rime com prazer ou dor,

E só por isto a nossa vida é bela.



Meu coração palpita de contente

Quando recebe da mulher que ostente

Um riso apaixonante como o dela.





ELA, QUEM É?







Quando ela passa sem voltar o rosto,

orgulhosa do corpo, intenso lume,

no caminhar derrama um tal perfume

que cega o nosso olhar de tão bom gosto.



Quando ela vem de novo dá esperança,

e a gente nem pressente como passa

rindo ou cantando, com tamanha graça!

Impossível saber para onde avança.



Da vez próxima deixa de acenar

com a saudação comum de cada hora,

mesmo mostrando graça em seu passar.



Mas na última vez, vem tão sagaz,

que ao léu nos deixa e nem sequer se cora...

Quem sabe se ela volta ou nunca mais?











INGLÓRIA AMIZADE









Uma delícia de menina, aquela,

Delicada de mais... Quanto sonhamos!

Com seu medo e meu medo, nós rezamos...

Não sei bem a que santo a reza dela.



A minha era à Senhora Aparecida

Que me ajudasse a nunca vir perdê-la

Pois jamais tinha visto alguma estrela

Que tanto iluminasse a minha vida.



Amei-a muito e assim fui enganado,

Se ela me quis para seu namorado,

É que não tinha namorado algum.



Mas quando apareceu quem lhe sorrisse

Sabem, vocês, que foi que ela me disse:

“Por você, não nutria amor nenhum”.



Estrambote:



Triste, bem triste, a glória da amizade

De uma mulher que amarga na saudade.







SEM VEZ NEM VOZ







Essa tristeza que me bate agora,

indiferente a tantas alegrias

que já gozei por muitos, muitos dias,

não acredito que existisse outrora.



Como foi que perdi o sono e a hora,

porque me viro e mexo em noites frias

ou quentes. Donde vêm as agonias

deste invisível mal que me devora?



Essa tristeza mata-me as vaidades,

os traços familiares e as herdades,

tudo o que ontem fui de bom ou ruim.



É assim que se morre pouco a pouco,

sem ouças, sem visão, ai que sufoco!

Que é da fala?... Sem voz se chega ao fim.









PRESENÇA ANTIGA







Lembrando aquele sonho que me vela

as memórias, escrevo... E, de repente,

desce-me ao peito anúncios de procela,

pisando leve pra não me acordar.



Com lágrimas, revejo uma aquarela

branca e vermelha de quem vibra e sente

É que o amor jamais me dava trela,

rugia sexo além do verbo amar.



Dentro de mim pulsava uma donzela,

tão simples, num vestido de chitinha

a dançar e dançar no corpo dela.



E um cheiro que não sei donde é que vinha...

Oh, que gostosa juventude eu tinha!

Era a doce presença de Arabela!







*Francisco Miguel de Moura, poeta e prosador brasileiro, mora em Teresina, Piauí. Seu email: franciscomigueldemoura@superig.com.br
Comentarios
O que você achou deste texto?     Nome:     Mail:    
Comente: 
Renove sua assinatura para ver os contadores de acesso - Clique Aqui