Você foi a mulher que, um dia, transbordou de amor e, num convite meigo, alguém lhe prometeu o céu.
Você foi a mulher que, um dia, se entregou sorrindo e, à noite, em casa, foi dormir sozinha.
O claro véu da sua pureza, manchado de sangue, fez você corar e, primeira vez, de amor, você chorou.
Você foi a mulher que viu demais lindo o azul do céu; depois, veio a tempestade, e um turbilhão de angústias negras invadiu o seu peito.
Hoje, você vive o que perdeu, parada no tempo, sem mais nada esperar, porque esqueceu o presente, e de olhar para o futuro... Esqueceu a vida.
Você é a mulher que se atrelou ao passado, enquanto o tempo lhe transporta para os braços da morte, e você, tão indiferente, é conduzida... já morta... Ao passo que, a vida fervilha em seu sangue, querendo viver.
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