Saudação antitética
Salve, vida!...Vida que me faz sentir que sou alguma coisa importante no complexo plano universal da criação.
Vida que me deu a faculdade de poder sorrir e embriagar-me com a taça da felicidade, em certas horas, mesmo por um mínimo de tempo, e é nesse tempo, que eu vivo intensamente, procurando aproveitar, avidamente, esse momento que, furtivamente, a mim se ofereceu.
Vida que me deu a graça de sentir a brisa que, correndo, sinto invadir-me os poros, ondulando a minha mente, uma sensação de liberdade, pelos campos, vendo as flores e os pássaros cantando uma melodia, sinfonia de delírios para os tímpanos cansados, doloridos, resultância da poluição do maquinismo alucinado dasonoridade da cidade em desespero.
Salve morte!... Boca de mistérios milenares, de polêmicas banais, de lendas, de conceitos dogmáticos e de crenças mil. Fim de todos os princípios, fim do mal, fim do bem, fim da vida, da ilusão, da vaidade, única senhora de toda a verdade que ninguém, jamais, nem nunca, conseguiu, harmoniosamente, desvendar.
Ó morte, você nunca me apavora, pois, bem sei que, fatalmente, a minha vida, um dia, vai ter fim, um termo que meu íntimo não quer admitir, embora, caminhemos, todos, rumo às tuas fauces encarnadas, calejadas, ponto base do Omega, ponte de esperança para aqueles que não querem morrer.
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