"Todo Anjo é terrível. No entanto, ai de mim, eu vos invoco, pássaros quase mortais da alma, sabendo quem sois." Rainer Maria Rilke
será que te sangro com os meus lampejos será que te firo com minha volúpia felina te quero cachorro assim mesmo ganindo pra lua gerando cada gota de delírio inútil como se fosse a sagração da primavera leio num livro que o grotesco está no ato banal eles escrevem coisas que te aguçam o abismo e mais incendeiam nossas inquietações uma música um sopro qualquer podem alterar nosso destino destituindo as sentinelas das ilusões perdidas elas ainda pensam em te ganhar como se fosses um prêmio uma caça rara cuja cabeça prenderão na parede da sala de armas como um troféu e o teu coração irão guardar na geladeira para que se deteriore mais lentamente enquanto teu corpo já tenham digerido não te quero ver como estrume na boca de velhas messalinas decrépitas cortesãs querendo devorar teu fruto pequeno e se lambuzar com sua polpa suculenta queria desligar a noite nojenta e reacender a alma lavada com tua saliva e reescrever todas as cartas do destino