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cronicas-->Rescaldo sempre de novo... -- 26/06/2005 - 23:31 (António Torre da Guia) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos


RESCALDO SEMPRE DE NOVO...

As imagens, apesar dos 60 anos decorridos, perduram ainda nitidamente em meu cérebro e, num relance de olhos fechados, revejo as pequenas ruas do Porto, atravessadas de lado a lado e de lés a lés por bandeirinhas em papel de todas as cores, enquanto ali e acolá a miudagem expunha prazenteira a sua pequena cascata, donde retirava o santinho mor da festa e, com ele bem erguido na mão, um dos mais afoitos da maltinha solicitava aos passantes: "- Meu senhor, dê um tostãozinho pró São João".

Daqueles belos tempos e momentos, o que de manifesto improviso ainda vai surgindo da habilidosa alma do povo, já muito pouco resta. A época é outra e a evolução dos meios foi deixando entre a névoa da memória os saudáveis hábitos de viver singela e limpidamente a festa. Hoje em dia compra-se tudo feito e a feitura industrial dos símbolos e apetrechos de diversão tem desde logo o propósito descartável. Os adereços, as vestes, os objectos interventores e os modos de foliar foram quase por completo tomados pela voracidade da inevitável evolução.

Hodiernamente já não se vê uma rusga toda atirada para a frente, tocos de vassoura no ar, tachos, panelas e testos a servirem de instrumentos, com os seus componentes cantando alegremente em uníssono:

SÂO JOÃO DO PORTO

E ala, ala minha mana Rita
Em solteirinha eras mais bonita...
E orvalheiras, orvalheiras
E viva o rancho das mulheres solteiras...
E orvalhadas, orvalhadas
E viva o rancho das mulheres casadas...
E orvalheiras em cima do muro
Vamos ao pão quente e ao vinho maduro...
E repenica, repenica
O São João a suar em bica

São João pra ver as moças
Fez uma fonte de prata
As moças não foram a ela
São João todo se mata...

Ai fui ao São João à Lapa
Ai da Lapa fui ao Bonfim
Ai estava tudo embandeirado
Ai com bandeiras de cetim...

Autor:Luiz Eloy Silva

Resta deveras ainda, embora o seu conteúdo não saia completo - quem é que se lembra? - a rapioqueira cantiga que acabo de apresentar, cujos versos ouço desde que fui menino-de-gatas e continuo por enquanto surpreendentemente a escutar.

O filho do autor e trovador da letra e da música, Eloy Silva (filho), teve a amabilidade de me remeter os versos originais através de e-mail, quiçá pleno de emoção por constatar que a alma-voz de seu pai logrou espontàneo lugar na memória das gentes tripeiras e aí permanece em lúcida e agradável recordação.

Até ao próximo ano, caro Eloy, se o santinho do nosso terreiro, uma vez mais, não nos dispensar da festa.



Som = Conjunto de António Mafra em "Sete e pico..."

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