Cliques & Vira-Lata
A história dos cliques é muito engraçada. Quando se ataca os clicadores contumazes, citando nomes ou não, imediatamente eles se manifestam, criticando a crítica ferozmente. Ou seja, condenam a critica... A clicação deles parece constituir direito adquirido!
Não obstante, um dos clicadores, que, por não escrever nem artigos, nem cartas, nem contos, nem poesias... e, obviamente, nem ter leituras, clica nos textos de quem possa ameaçar seus desafetos. Falo do Vira-Lata, do Padre, do Chefe do Cerimonial, do Calaveira...
CACHORRO VIRA-LATA
Samba de Alberto Ribeiro
(Carnaval de 1937)
Eu gosto muito de cachorro vagabundo
Que anda sozinho no mundo
Sem coleira e sem patrão
Gosto de cachorro de sarjeta
Que quando escuta a corneta
Sai atrás do batalhão
E por falar em cachorro
Sei que existe lá no morro
Um exemplar
Que muito embora não sambe
Os pés dos malandros lambe
Quando eles vão sambar
E quando o samba está findo
Vira-lata esta latindo a soluçar
Saudoso da batucada
Fica até de madrugada
Cheirando o pó do lugar
E até mesmo entre os caninos
Diferentes os destinos
Costumam ser
Uns têm jantar e almoço
E outros nem sequer um osso
De lambuja pra roer
E quando passa a carrocinha
A gente logo adivinha a conclusão
O vira-lata, coitado
Que não foi matriculado
Desta vez "virou"... sabão
Gravada originalmente na Odeon, em 1937, por Carmen Miranda, acompanhada pelo Conjunto Regional de Benedito Lacerda, foi lançada como samba-choro em discos 78 rpm.
Outras gravações conhecidas são as de Francisco Scarambone (piano, 1940), Ademilde Fonseca, Carolina Cardoso de Menezes (piano), Baby Consuelo, Ney Matogrosso (1979), Glória Rios (1981), entre outras.
Certa noite, Carmen Miranda, saindo da Rádio Tupi, deparou-se com um cachorro abandonado, causando-lhe pena. Seu acompanhante sugeriu-lhe que o adotasse, já que gostava tanto cães, o que ela prontamente aceitou. Dias depois, encontrando o amigo, Carmen informou-lhe que o cão fugira no dia seguinte: "Abandonou-me para viver sozinho no mundo... Um cachorro de caráter."
Este episódio motivou Alberto Ribeiro a compor Cachorro vira-lata e presentear Carmen.
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