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Artigos-->DE QUEM É A CULPA? -- 30/11/2002 - 22:28 (SILVANO ALVES DA SILVA) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
A mídia tem sido acusada, com grande veemência, como a grande vilã da pós-modernidade. È ela a culpada pela grande onda de desmoralização que assola a sociedade atual. A televisão é a mídia mais massacrada, a ponto de alguns malucos terem espalhado por vários pontos da cidade de São Paulo outdoors, com a seguinte frase: “A televisão é a imagem da besta”. Fanatismo religioso à parte, a verdade é: a mídia não é a única culpada pelo declínio moral do mundo pós-moderno.

Não podemos negar que a mídia banaliza conceitos sérios com o único objetivo de atender aos interesses não muito nobres do senhor Capitalismo Selvagem sem a menor preocupação com os efeitos colaterais que essa banalização pode provocar no organismo social e na vida de cada individuo. Mas essa é uma das faces do problema, a outra sem dúvida nenhuma é a inércia cerebral em que se encontra grande parte da humanidade.

Em seu livro, “Pode o homem viver sem Deus”, o escritor Ravi Zacarias fez o seguinte comentário:

“Por meio da tecnologia, o mundo passou a ser paróquia da mídia, dos meios de comunicação... A verdade foi relegada a subjetividade, o belo foi subordinado ao contemplativo, e à medida que as multidões foram sendo reduzidas à idiotice, noite após noite, foi construída uma sociedade global, com as artes governando de modo totalitário.”

Diante disso a grande dúvida: somos idiotas porque damos ouvida a mídia, ou damos ouvidos à mídia porque somos idiotas?

Não quero ser chato, mas fico com a segunda alternativa. O homem não foi idiotizado pela mídia, talvez a mídia tenha sido idiotizada pelo homem: a lógica é que por traz de um microfone, de uma câmera, de um teclado de computador sempre há um homem.

O grande problema do nosso tempo é que não queremos mais pensar. Em um artigo de seus artigos, o jornalista Gardêncio Torquato diz que a anestesia social é “um fenômeno que prenuncia o porvir de uma sociedade de zumbis”. Essa é a sociedade que temos vivido: a sociedade de zumbis. Essa sociedade se alimenta de conceitos enlatados - produzidos por qualquer maluco que se predisponha a fazer pose de pensador – sem perguntar por procedência, efeitos colaterais, composição, coerência ou qualquer outra coisa parecida. Consomem tudo num estado de passividade patético.

É incrível como as pessoas fogem de qualquer tipo de reflexão séria sobre os problemas modernos e se apegam a explicações e discursos piegas do tipo água com açúcar para tentar achar uma solução eficaz para esse caos em que se transformou a sociedade pós-moderna. E enquanto isso a violência aumenta, as instituições se desfazem em cacarecos, os jovens se perdem numa vida de sexo, drogas e internet.

Outra coisa aumenta: programas sociais mantidos por ONG’s, igrejas, entidades políticas, escolas, empresas e, ironicamente, até pela mídia. A grande maioria apresenta resultados medíocres, supervalorizados por seus membros. Como diz o ditado popular: “tentam tapar o sol com a peneira”.

Diante disso tudo o que mais me revolta e espanta é atuação das igrejas, ou melhor a má atuação das igrejas diante dessa decadência moral e social do nosso tempo.

Na periferia de São Paulo é raro não encontrar mais de uma igreja num raio de cem metros. Todas elas com placas prometendo salvação, prometendo transformação através do evangelho. Trabalho como professor em uma escola em destes bairros pobres enfestados de igrejas e tenho vários alunos evangélicos, é triste constatar que eles são tão zumbis quanto os não evangélicos são tão vulneráveis a conceitos falsos e errados como qualquer um outro com a agravante de terem suas mentes engessadas por dogmas e absurdos.

Tenho uma grande dúvida comigo: Jesus, mestre dos mestres, garantiu-nos que havia trazido um evangelho capaz de libertar todas as pessoas que o ouvissem, o que acontece com essas centenas de pessoas que freqüentam assiduamente essas centenas de igrejas, que não param de crescer, e continuam tão medíocres, pensando em coisas tão da terra, comportando-se sem nenhuma grandeza e até mesmo, na maioria das vezes, se tornando altamente arrogantes por se acharem portadoras de verdades que nem elas mesmas entendem e de um poder e de uma autoridade dados por não sei quem nem para que? O que acontece com essas pessoas que são tão desejosas de consumir tudo o que vê pela frente como qualquer um outro ateu? E o pior é que inventam desculpas teológicas para isso!

A única resposta que encontro para isso é que a muito tempo igreja nenhuma tem pregado o verdadeiro evangelho de Cristo. O que vemos é um evangelho do tipo água com açúcar feito para atrair pessoas incautas.

Culpa disso é a grande preocupação de lideres religiosos com os números produzidos por suas igrejas. Fico enojado ao ver líderes falando em alto e bom som que a igreja precisa ser administrada como uma empresa, esse discurso é a causa de as igrejas terem se transformado em grandes empresas de entretenimento. Isso diverge totalmente da idéia inicial de Cristo que prefere que a igreja funcione como uma casa de transformação da consciência e não em uma casa de show.

Espero um dia ainda ver na igreja uma verdadeira transformação onde a igreja deixará de ser um mais um meio de alienação e passe a ser uma escola da alma onde cada pessoa aprenda com o grande mestre, que é Jesus, como viver em harmonia consigo mesma, com o próximo, com a natureza, com Deus e que seja capaz de pensar por si própria. Espero, principalmente, que a igreja tenha verdadeiros pastores, homens preparados intelectual e espiritualmente para tomar conta das almas que lhes forem entregues, que não tenham medo de preparar pessoas questionadoras e acima de tudo que saiba o que estão fazendo.

Enquanto isso não acontece, ouso dizer: a mídia não é a única culpada pelo declínio moral do mundo pós-moderno, outras instituições - sendo a igreja uma das principais – também devem carregar essa culpa e saber que são mais culpadas do que a famigerada mídia, afinal de contas, que nasceu primeiro?









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