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Artigos-->Loures de Paulo Nunes Batista -- 30/11/2002 - 14:28 (m.s.cardoso xavier) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Loures

Autor: Paulo Nunes Batista

As mãos calosas do artesão sofrido.

Mas sobretudo, os calos da alma, esculpida em remotas esculturações da arte.

O olhar manso e telúrico do homem dos campos, a paciência mineiro-goiana, a ciência inata haurida na fonte astral, a pá do sentimento com que lavra a dureza dos corações de pedra...

Tão São Francisco que os pássaros falam com ele, os verdes lhe fazem confidências, os azuis o pintam com uma aura de pureza e os peixes ocultos nadam em seus dedos grossos.

O que veio de longe, da China de Lao-tse e Chichuska, da Índia de Krisna, Rama e Buda, do Egito de Osíris, da Grécia de Fídias, da Itália de Michelangelo, da França de Rodin.

O roceiro de Ouro Verde, extraindo da madeira e da pedra o sonho adormecido, a dor antiga esoterizada nas sombras, as formas insuspeitadas que só a poesia revela.

O que fala no silêncio da pedra, na voz macia do barro, nas vibrações inaudíveis da madeira, no verde-azul das mensagens da terra, nas asas passarinhadas do espaço, nas ondas ininterruptas do tempo, onde só a impermanência permanece.

O que medita com as mãos e discursa com o olhar, sem a verborragia fátua e retórica dos demagogos medíocres, porque ungido de autenticidade; o simples encarnado, o antielitista por excelência, Sua Excelência o Franciscano escultor- poeta José Zé Rodrigues Loures.

Claro que Loures não é um escritor: é um escultor e escreve esculpindo, ou pintando. Mas há beleza poética em seus textos, simples ou até mesmo simplórios.

Já disse, Loures não é de falar nem de escrever: ele faz. Fala e escreve na matéria com a luz do espírito, iluminando a madeira, a pedra, o metal, o barro com o azul da beleza.

Amigo das nuvens, compadre da terra, companheiro das águas.

Loures esculpiu um bêbado num bar de Goiás: você sente o acre cheiro da pinga, o gosto da miséria, a áspera tristeza do lavrador sem terra, jungido a canga do latifúndio, comido de verminose, a roupa rota mal cobrindo o corpo anêmico, a canseira dos sorrisos cariados, a desesperança da justiça que tarda! E a embriagues do pobre, e a e(m)bru(agu)ês do paria, e o desamparo da muda aflição confessada nos golpes da água ardente numa sórdida vendola dos interiores goiases...Retratista da dor dos infelizes, fotógrafo das almas crucificadas nos garrotes fazendeiros, nas fazendeiras desgraças dos escravos da gleba.

Deus te abençoe, meu franciscano da pedra, meu genial goiano universal, meu São Chiquinho Loures!



Notícia Rápida sobre Paulo Nunes Batista:

Paraibano radicado em Goiás (Anápolis), morou em cerca de vinte cidades do Brasil, inclusive nas maiores capitais (Rio, São Paulo, Belo Horizonte, Recife, além de Goiânia e João Pessoa), exercendo atividades desde cobrador de ônibus, trabalhador braçal até jornalista e professor, sendo aposentado do Fisco de Goiás, onde ingressou por concurso público.

Militou no PCB de 1946 a 1952, época em que foi preso político em São Paulo, como redator que era do diário HOJE, arbitrariamente fechado por um IPM. Nunca foi torturado, mas assistiu à tortura de preso quando de sua outra prisão, em Recife. Como jornalista vem denunciando e protestando contra sevícias a presos, políticos ou comuns. Vem há muitos anos publicando artigos, crônicas, reportagens e poesias na imprensa de Goiás, do Brasil e de Portugal.

PNB é autor de seis livros e mais de 140 folhetos de cordel, editados a partir de 1949. Em 1961 tornou-se espírita e vem colaborando na imprensa doutrinária desde então. Tem vários outros livros prontos para publicar (O Cordel Iluminado, Cantos de Pedra e de Flor etc) e continua produzindo. É formado em Direito.



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