Eu não lembro bem como tudo começou. O Paulinho me falou que foi o Vitor Callado que apareceu com a Biriba,uma égua pangaréque fazia a festa da garotada. Em frente à casa do Vitor, na cumiada da Rua Chaco onde ela se encontra com a Rua Barão do Triunfo, havia um terreno baldio que hoje é a Praça da Maçonaria, e um terreno ao lado da casa dos pais do Alexandre Cardoso - um dos deputados da Aldeia - antiga Capital Federal. Nestes terrenos, éguas e cavalos sempre estavam pastando.
Ninguém sabia quem era o dono dos animais. Eu continuo não sabendo até hoje. O importante mesmo é que a garotada vivia na garupa da Biriba. Eu acho até que ela gostava. Trotava de felicidade com os moleques na garupa. Um dia, quando eu estava dando umas voltas com ela, no terreno que havia em frente ao Edifício Rei, na Rua Vileta, um outro pangaré metido a besta tentou tirar uma casquinha com a Biriba. Ela, se recusando aos agrados dele, saiu a galope e ele atrás dela. Eu fiquei apavorado quando minha perna ficou presa, enquanto ele imprensava a pobre da Biriba contra um barranco. Só com as pedradas que os colegas deram no pangaré foi que a Biriba ficou em paz. E eu com a canela machucada por conta das pedras perdidas.
Também naquela época havia um senhor português de nome Manuel que vendia leite de garrafa, em um velho e manso pangaré. Muitas vezes, ele deixava que eu fizesse as entregas para a freguesia certa que tinha no final da Rua Marcílio Dias. Outro dia eu vi o Zé Renato, que hoje trabalha na Secretaria de Educação da Aldeia, em cuja casa eu fazia sempre a última entrega do dia.