NO DEVIR DA VIDA
Délcio Vieira Salomon
Eu cheiro o ontem,
transpiro o hoje
e tresando o amanhã.
Aqui me petrifico,
ali me derreto,
acolá me liquefaço.
Agora me desfaço,
depois me solidifico
com receio de evaporar-me
da leveza de mim mesmo;
e giro a esmo
em torno de meu ser.
Já não sou ontem o que fui hoje.
Onde e quando me transformei?
Em qualquer lugar,
em qualquer tempo
não estou sendo o que fui.
Deixando de ser o que sou,
acabo sendo o futuro
do que deveria ser
ou o presente do meu próprio devir.
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