Acordei faminta
de um sono de dois mil anos.
Farejo a caça
cheia de graça
circundo a presa
com meus versos tristes
de amor.
Jogo o seu jogo
de cordeiro em pele de lobo
que aprendi com os bispos.
Risco o seu fósforo
acendo seus ímpetos
de fazer por merecer.
Tão indeciso
ainda não resolveu
seus pecados
enquanto meus líquidos
me avisam que já é hora.
Vamos lá para fora
resolver a questão
do tempo
e do apartamento.
E nem por um momento
pense que é meu dono
pois de abandono
e chutes
a loba já cansou.
E pra você
que nunca amou
um aviso:
não pise na grama.
Amanhã
eu telefono.
Ou quem sabe apareço
pego você às nove
levo pra jantar à luz de velas.
Velhas lembranças
vinho e dança
de uma boa conversa
você não me escapa.
Tenho fome
e sua carne
me abre o apetite.
Tenho um palpite
não aposto para perder:
vou comer você.