O Vestibular de Lula
(Por Domingos Oliveira Medeiros)
Inegavelmente, ele é, antes de tudo, um forte. Aliás, como todo nordestino. Não entregou os pontos. De sacola nas costas, rumou para o “sul maravilha” em busca de melhores condições de sobrevivência. E pisou o chão das fábricas da grande metrópole. Fez um curso do SENAI e arrumou um emprego de Torneiro Mecânico. Bom contador de histórias, e hábil no processo de negociação, logo se tornou líder sindical.
Não se deu por satisfeito. Fundou um partido político e fez sua inscrição para o vestibular mais concorrido: o da Presidência da República. Acumulou muitas derrotas e resolveu mudar de estratégia: preparar-se melhor para atingir seus objetivos.
E assim recomeçou a luta pelo poder. Apaixonou-se pelas técnicas de vendas. Conheceu a poderosa ferramenta do marketing: pesquisas de mercado, embalagens, propaganda., enfim. Apelou para a mudança de imagem. Trocou o macacão pelo terno. Passou a usar belas gravatas e bons sapatos. Adotou um sorriso largo e confiante. Baixou o tom de voz. Mudou o discurso: do amargo e pessimista para o doce e otimista. Agradou a todos. E, finalmente, chegou lá.
Mas, ao chegar ao poder, outra surpresa: precisava continuar seus estudos. Só a propaganda não resolveria. E voltou-se, num primeiro momento, para a linguagem e a literatura. Usou e abusou de metáforas e aforismos. Fez da narrativa o seu estilo preferido. Contou histórias de que fora o personagem central. Sem descuidar das promessas. Não deu certo.
Voltou para o marketing. Lançou alguns programas de impacto: o “Fome Zero”, o “Primeiro Emprego” e a promessa de criação de 10 milhões de empregos; e a realização de reformas em todo o país. Da Administra à Política. Não deu certo.
Optou pelo curso de Psicologia. Precisava compreender e oferecer soluções para os eleitores que anunciavam descontentamento com o governante. Tentou afastar o fantasma do medo de ser feliz. E renovou as esperanças da população, com mais promessas. Não de certo, apesar de todo o seu bom humor.
Partiu para a área da música. Tocou de tudo: tambor, violino, piano...Queria tornar-se maestro. Mas sem saber ler pautas musicais, era praticamente impossível. Ademais, mostrou-se desafinado e com um grupo de 35 músicos desarticulados e tocando de “ouvido”. Chegou a fazer dupla com a prefeita de São Paulo, improvisando e tocando ao vivo. Não deu certo. Entrou água na tuba. E São Paulo ficou inundado com tanta cascata.
Foi então que optou pela carreira militar. Entrou para a aviação. Partiu para o exterior, em busca de novos conhecimentos. Nada dava certo. Voltou ao Brasil. E ingressou na faculdade de educação física. Passou a correr com as reformas. A tributária e a da Previdência chegaram rapidamente ao Congresso Nacional. Mas ali estagnaram. Não deu certo.
Foi para outra modalidade esportiva: o salto em altura. Mas decepcionou a todos. Os juros e o endividamento externo foram seus principais adversários. Subiram mais alto no pódio da economia mal conduzida.
E agora, nosso presidente está calado. Praticando meditação oriental. Depois que os escândalos dos jogos do bingo e tantos outros vieram à tona. Lembrou de suas aulas de filosofia sobre ética e moral. Mas, mesmo assim, nada fez para que seus aliados impedissem a instalação da CPI do Bingo. Parece que a Poder Judiciário, as leis e as normas não fazem a sua cabeça. Bacharel em Ciências Jurídicas, nem pensar!
Hoje, o presidente voltou aos esportes. Pratica o boxe, dando socos em todos que se colocam contra as suas idéias. Defende - com unhas e dentes - os seus amigos do pleito. E do peito. Mesmo que estejam sob desconfiança geral. E já manifestou, várias vezes, sua vocação pela religião. Pensa em ser padre. Para ver se consegue, dessa maneira, o milagre do crescimento.
O presidente precisa, urgentemente, retirar os óculos cor de rosa com que vem trabalhando o seu governo. E trancar a matrícula enquanto é tempo. Até descobrir que o problema não é de vocação profissional. O problema é de falta de rumos na área de Economia. E, principalmente, na de Administração. Afora, é claro, os de ordem política, que sobrevive às custas de interesses quase sempre escusos.