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Cronicas-->Médico do interior -- 02/06/2005 - 17:55 (Paulo Maciel) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Médico do interior




Eu tomava banho frio no chuveiro do hotel em Campina Grande quando me senti desfalecer. Nauseado, com a cabeça pesada, deitei-me na cama para descansar um pouco. Apesar da água fria, comecei a suar e o desconforto aumentou.
Pelo telefone, chamei um companheiro ao meu quarto e pedi-lhe que trouxesse um médico. Afinal, dentro de uma hora teria que receber convidados e fazer um discurso durante a inauguração da agência de nosso banco na cidade.
Não demorou muito e Newton Rique, provavelmente o cidadão mais ilustre da terra, invadiu meu apartamento acompanhado de um senhor baixinho, muito simpático, de cabelos brancos.
Newton estava ali a nosso convite para apadrinhar a nova filial. Filho de Campina Grande, de onde fora prefeito, era a primeira vez que voltava à cidade depois da venda do seu banco, o Industrial de Campina Grande, situação que lhe trouxe muitas incompreensões da parte de amigos, clientes e sobretudo acionistas da empresa. Aproveitaria a ocasião para esclarecer o assunto definitivamente.
Ao entrar no meu quarto, apresentou-me logo seu amigo. Tratava-se do dr. Barreto, segundo Newton o melhor clínico geral que ele conhecia em todo o país, mestre do diagnóstico, figura queridíssima em Campina Grande.
Ar bondoso, paciente, dr. Barreto fez-me um rápido exame, auscultou-me, submeteu-me a uma breve sabatina e, do modo mais simples possível, quase pedindo desculpas pela informação, comunicou-me que eu estava tendo uma crise de apendicite aguda. Ainda no dia seguinte deveria procurar um especialista para cuidar do caso, no Recife, onde morava. Infelizmente, não deveria participar do ato de inauguração da agência embora à noite, se me sentisse melhor, poderia comparecer ao jantar que oferecíamos à sociedade local.
No outro dia, procurei o médico do banco, meu amigo, famoso gastroenterologista pernambucano que também dispunha de aparelhos de radiologia em seu amplo consultório no centro do Recife.
Fiz-lhe um relato do acontecimento de Campina Grande e ele me pediu que fosse vê-lo à tarde.
Riu muito quando eu lhe disse que o dr. Barreto diagnosticara apendicite:
- Ah, esses médicos do interior têm a mania de fazer diagnósticos precipitados, disse-me ele! Como é que se pode falar em apendicite depois de um exame tão superficial!
Embora ainda estivéssemos em 1972, ele aludiu ao progresso da medicina, aos recursos tecnológicos disponíveis que garantiam precisão nos diagnósticos, para assinalar que o médico moderno tinha que recorrer a uma bateria de exames antes de dar sua opinião técnica ao cliente.
Dito o que, forneceu-me várias requisições para exames, inclusive radiografias, que deveria fazer na manhã seguinte.
Ele próprio, que também operava aparelhos de raios X, se encarregou de bater as chapas, cada uma delas que, logo a seguir, revelava e analisava com cuidado. Em certo momento, ao sair do laboratório, todo afobado, foi logo me dizendo:
- Paulo, vamos correndo para o hospital! Você tem que operar esse apêndice amanhã!

Salvador, 7 de março de 1996
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