Gostava de enrolar-se em si mesma.
Ia abraçando as pernas, encolhendo os músculos, enrolando o corpo, feito caracol.
A cada voltinha perguntava-se se estaria ficando pequena o bastante, redonda o bastante.
Quando criança vira uma minhoca enrolada assim feito caracol, morta, durinha, podia ser girada como se fosse uma moeda.
Se ficasse bem pequena, bem redonda, bem durinha, alguém a confundiria com uma moeda?
Ou com um caracol?
Não importava com o que, mas o que mais queria era ser confundida.
Estava cansada de ser retinha, certinha, tão previdente!
Queria enrolar-se a tal ponto que quem a olhasse não saberia mais se era uma minhoca, um caracol, uma moeda, uma coisa...
Isto faria com que vivesse esta sensação de não ser ela mesma, de ser considerada uma não pessoa.
Viver esta sensação poderia mudar todo o rumo do seu caminhar no mundo. Talvez, depois desta experiência, poderia desenrolar-se lentamente traçando o caminho de volta para uma vida de pessoa.
Tinha certeza de que não voltaria igual.
A cabeça, depois de enrolada, nunca volta igual.
Ai como ela gostava de enrolar-se em si mesma!!!
02/02/2009
visite: http://cristinaanconalopez.blogspot.com
|