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cronicas-->O Amor Cultivado em Vasos... Cresce... Posso Podá-lo? -- 30/05/2005 - 15:50 (Carlos Eduardo Canhameiro) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
O Amor Cultivado em Vasos... Cresce... Posso Podá-lo?

Carlos Canhameiro

Ele amava, não como se fosse a última, apenas amava. Amava Tereza, que amava Maria. Amava Marina, que amava o professor de Física, que não a amava e sim Maria, que amava Carlos. Não amava Carlos, mas poderia vir a amá-lo. Do futuro nada sabia, não se esforçava para saber e, de tudo, aceitava um pouco. Se pudesse, viveria de amor. Se conseguisse, se entregaria a todas as paixões, milhões dele amando milhões de pessoas. Pessoas que viu, que falou, que ouviu falar... Amava, como se não soubesse outra coisa fazer, ou, não pudesse.
Amava Bárbara, do amor pueril, daquele de infància. Simples, meigo, dolorido. Queria dela a concretude do amor idealizado. O amor romàntico, das palavras... Queria Bárbara, como se quer a chuva sobre o corpo quente, como forma de aplacar dores adolescentes, superficiais mas terrivelmente incomodas. O amor por Bárbara não poderia ser desfeito por um beijo. Amava Bárbara e dela nada pediu e quando póde, negou.
Amava Patrícia, do amor do primeiro beijo. Nada sabia e nada soube. Deixou-se entre lábios, fechou os olhos e na escuridão de si, descobriu a luz. Patrícia, mais uma boca perdida, nada sentiu mas a amou mesmo assim. Cultivou, escreveu, implorou... Beijos se esvaecem com a brisa cortante entre os lábios tocados. Resseca até mesmo a saliva. Amava Patrícia, a menina perdida, filha da vizinha, nunca mais vista ou de sabidas notícias.
Amava tanto, sem saída. Amava a mãe, o irmão... Há quem diga: "amava até mesmo a tia". Amava Enilza, a menina nua da janela aberta. Pêlos, pernas e vagina. Seios fartos, pele branca, amava Enilza, na masturbação incessante da adolescência. Sem nunca tocá-la, a amava, porque de mais nada precisava. Amava Sirley, de nome estranho e pele marrom. Casada, misteriosa, rica e mentirosa. Mais velha, safada, amava Sirley das promessas... Promessas nada divinas. Amava seu toque, saia sem calcinha, lábios grandes e palavrório refinado. Pé debaixo da mesa... Amava tudo que pudesse por em perigo. Amava, de vez em quando, Danilo. Garoto do bairro, jeito maroto. Amava-o para contragosto dos retos, dos decididos. Amava Danilo sem nunca ter existido.
Amava Renata, do pescoço intocável. Do tempo incerto, do momento incorreto. Renata das palavras macias, pela branca, sem barriga. Ah, Renata!, das exclamações suspirantes, da conversa eletrónica, da distància vencida. Amava a menina corrida de respiração ofegante. Amava como quem procura o tempo certo para colher tempestades... Amava Renata, da mais singela amizade. Amigo de Claudia, por quem um dia chorou. Amava Claudia, dos "olhos azuis", da juventude arriscada, da música pesada. Amava no encontro, no renascer, no abraço apertado, no "até mais ver". Na cama intocada, na espera desesperada, amava Claudia, pelo ouvido paciente, o sorriso discreto e o sempre estar por perto.
Como é possível tanto amor? Se a sentença é clara e única: "amar, só uma vez, senão, não é amor". Então, diria: "não amei". E nesse não-amor dos sábios, Amava Luisa, a meia-alma perdida. Luisa, dos dias tristonhos, o bom livro de cabelos cacheados e muitos cigarros. Amava a amiga, tempestuosa, axiomática, teórica de muita prática. Amizade finada, de Luisa, restou apenas o "amava".
Quem tanto ama, talvez, nunca seja amado. Aforismo barato. Se ama tanto, pode ele ser amado? Inquirição barata! Tanto se ama, pouco se importa com ser amado. Filosofia barata. Amava Paula, a menina que o amava. Sorriso sapeca, ela de longe, ele tão perto. Amava Paula das mudanças indesejadas, das amizades testadas. O ciclo completo, a conversa por horas, amava Paula porque por ela não se podia sentir outra coisa senão amor. A menina do fazer querer ser melhor, dos segredos ao pé do ouvido, da confidência total... Mas nunca absoluta. Paula, a mulher dos dias frios, o pára-raio, a dona da cama e do prazer. Amava Paula, por saber amá-la.
Amava, ao mesmo tempo, sem critérios, indiscriminadamente. Luiz, Carol e Fabrício. Amava Pedro, Flávio e Letícia. Amava com ou sem rima. Dizem que seu amor era vulgar. Dizem... Todos aqueles que de modo algum souberam amar.





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