EPICÉDIO DE AUGUSTO.
(Para ADRIANO AUGUSTO DE ARAUJO JORGE)
Amy Schneider
Seu olhar eufônico
Já não sorri com calor.
Sob um sepulcro descansa
Dos sete liras da dor.
Calaram-se os seus lábios
Que o silêncio enroupou.
Entoou-se uma opereta
Quando o anjo o batizou.
Dedicou-se a tantas vidas
E maravilhas criou.
Partiu nos ombros da morte
E ao morrer, ressuscitou!
Aclamaram suas palavras,
A eloqüência do seu ser,
E sobre o meu ignoto versar
Agora vão renascer.
Foi tão belo e estudioso,
Um laurel seu coração!
O próprio Cristo glorioso.
Foi seu anjo anfitrião.
A morte veio levá-lo
E o luar se apavorou.
Foi quando a morte serpente
Virgem e clemente se curvou.
Não morreu porque morresse.
E nem à vida deixou.
Foi atender ao desejo
Do Eterno Deus que o criou.
Não vivam tristes os seus
Diante do acrólico túmulo.
Pois ele jaz nas estrelas
Que dele invejam o cúmulo.
Se AUGUSTO emudeceu.
Cá estou para o lembrar
E aos pés do Eterno Deus.
Com Ele um dia encontrar.
Xxxxxxxxxxxxxxxxxx
Publicado no Jornal “A Crítica” Manaus, terça-feira, 02 de janeiro de 1990.
Dr. Adriano Augusto de Araújo Jorge, Patrono da Cadeira nº 06 da Academia Amazonense de Letras. Médico, formado pela Faculdade de Medicina da Bahia, humanista, veio para o Amazonas nos idos de 1900, aos 21 anos de idade, oriundo das Alagoas, sua terra natal. Professor, filósofo e pensador. Em sua lápide está gravado: “Médico, professor, filósofo e pensador. Grande alma, notável espírito, coração magnânimo”. Em reconhecimento à sua obra humanitária, o Amazonas perpetuou-lhe o nome em três significativas homenagens: o bairro de Adrianópolis, onde viveu; O antigo Sanatório Adriano Jorge, hoje Hospital das Clínicas e o Plenário da Câmara Municipal de Manaus.
Amy Higgins Schneider.
|