No outro sábado fui com Inajá ao chamado Taguacenter. Para quem não sabe, vale esclarecer que falo de um prédio comercial que talvez tenha um dia pretendido ser um "shopping". Por algum motivo que só quem lá foi poderá entender, não conseguiu. Ficou prédio comercial mesmo, nem por isto menos famoso, pois o comércio lá prosperou. Pelo que pude entender, todo o comércio nas ruas próximas adotou a denominação. Fica em Taguatinga como o nome permite imaginar. Taguatinga Norte. Fomos em missão comercial, em busca de matéria prima para os trabalhos de Inajá.
Pois o Taguacenter tem um comércio curioso. Muitos armarinhos e lojas de tecidos, chegando a sugerir alguma especialização, como é comum em Brasília. Contudo, andando-se pelas ruas próximas vê-se um grande número de atacadistas de guloseimas. Destas guloseimas baratas, próprias para o comércio mais humilde. Entre outras coisas, vendem maria-mole, doce de leite, pipoca doce, teta de nega e sua variação, a teta de nega branca. Naturalmente, para meu desespero, havia corações de abóbora e de batata-doce, entre chocolates de várias espessuras. Tudo em embalagens múltiplas e a preços convidativos. Desconsiderando as duas lojas especializadas em sacos de aniagem e panos de pratos, quase concluo que o Taguacenter é especializado em armarinhos e guloseimas.
Seria uma visão parcial, pois de repente noto um bom número de lojas especializadas em calcinhas. Pelo menos é o que anunciam ostensivamente, inclusive com um exemplar grudado nos cartazes e letreiros. Exemplar provocante, não só pelo corte, como pelo vermelho. Eu arriscaria que se trata de um "vermelho meu bem", mas isto é só um palpite. Melhor dizendo, acho que se trata de um "vermelho me come". Dos armarinhos, não há o que falar. São armarinhos com sua imensidão de itens de todas as cores e tamanhos. Já a mistura de marias-moles com calcinhas e panos de prato, deixaria malucos os marqueteiros encarregados de promover o comércio da região. É um "mix" pelo menos curioso.
Com esta moda de homens pelados em todo lugar, talvez uma loja de cuecas pudesse ter sucesso no Taguacenter. Na frente, Ã semelhança das calcinhas, uma cueca em exposição. Com um enchimento discreto, para não escandalizar as vovozinhas que frequentam os armarinhos, mas suficiente para despertar a cobiça das moças que tratariam de presentear seus namorados.
Escrito em 04.10.2000
Publicado na Seção Comentários do Cidade Virtual Brasília em 04.11.2000 |
