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Artigos-->Entrando pela porta de dentro -- 25/11/2002 - 22:30 (Francisco Libânio) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Entrando pela porta de dentro

Francisco Libânio



Segunda-feira, dia 25 de novembro. Estou abrindo a porta da minha casa para algumas visitas, programa semanal que faço hoje já que ontem, faltou energia elétrica na rua de minha casa e ficamos a noite toda no escuro. Adiei o compromisso com as visitas para hoje, mas não tem problema.

Essas visitas vêm depois de serem selecionadas durante toda a semana. Pelo menos uma vez a cada dois dias eu dava uma olhada na varanda da porta da minha casa para ver se entre as visitas não havia nenhum estranho, cunhado chato, colega de vinte anos atrás que lembrou de mim e quer me converter para a Igreja dele; se não tinha nenhum vendedor de desentortados de banas ou de enxugador de gelo ou qualquer coisa que o valha. Havia, sim. Um monte deles! A todos estes citados eu indiquei a saída, não pedindo que não voltassem mais porque eles voltarão cedo ou tarde, mas dei a entender que se viessem seriam mandados embora outra vez.

Pois nesta segunda enfim, resolvi recebe-los. Pessoas agradabilíssimas, amigos cheios de história para contar, ótimos piadistas, muitos são poetas fantásticos. Hoje os recebi, e durante a semana toda conversarei com eles para domingo que vem, se Deus quiser recebe-los de novo e mais, pode-los visitar também, pois sei que serei bem recebido.

Mas quem é o insensato que deixa uma visita esperando uma semana para abrir a porta? Quem se digna a esperar? Lógico que a visita que me refiro não é uma visita de carne e osso, mas em letras. Trata-se dos emails que eu recebo semanalmente. Tenho recebido por semana cerca de 150 emails, a maioria um compêndio de obras poéticas de um grupo do qual participo, com muito orgulho e muito gosto.

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Estive lendo durante essa semana que passou a reportagem da revista Veja que tratou sobre amores e amizades na Internet. É difícil para os puristas admitir que estes é um novo meio de relacionamento entre pessoas. Quem lê aquilo com os olhos do ceticismo vê uma punhado de bobagens escritas sem sentido, tolices que fazem parecer regras quatro sucessos que a revista mostrou. Respondo que não são quatro, mas cinco. Pelo menos os que eu tenho conhecimento. Aqueles da revista, mais o meu. É difícil imaginar que um relacionamento iniciado de uma forma tão exótica possa dar certo, mas dá. E tenha total fiança que aqueles quatro exemplos (perdão, cinco) não são os únicos e - se por um lado - essa amostragem não é maioria é uma fatia grande do bolo. E pode estar crescendo.

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Há também outra coisa a ser frisada, que a revista apenas tangenciou: o da amizade. Pessoas agradáveis têm aos montes pelo mundo. Gente simpática, de boa conversa e de bom caráter que certamente pensa o mesmo. Gente que tem os mesmos gostos que o seu em música, cinema, vinhos, televisão e que de repente tem experiências novas para contar. Algo que nunca lhe passou pela cabeça e ela pode saber.

Nem só São Paulo, com seus mais de quinze milhões de habitantes, pode ter pessoas que curtam comida tailandesa. Certamente há alguém que goste dessa culinária em Cuiabá. Não é só o Rio de Janeiro, com sua história de mais de quatrocentos anos, que comporta gente que admire arquitetura barroca. Também não só em Minas, mas de repente alguém em Palmas, e olha que a cidade foi fundada a bem dizer ontem.

Fala aqui uma pessoa que teve a sorte de formar na internet um outro núcleo de relacionamentos extremamente bem sucedido. Graças a ela conheci dentre tantas pessoas maravilhosas que contato via telefone, carta, via "visitas"em minha sala chamada Outlook e - quando há a possibilidade pessoalmente.

Aliás, as amizades internéticas (detesto a expressão amigo virtual pois me soa como coisa falsa)renderam encontros fantásticos e momentos especialíssimos. Num desses encontros topei com a moça que é a minha namorada. Mas conheci amigos e amigas com quem troquei conversas ótimas e dei muitas risadas. São pessoas que certamente não teria encontrado nunca se saísse procurando pela rua.

Claro que nem todas as experiências via net são bem sucedidas (comigo também algumas não foram), mas é necessário que a pessoa saiba separar o joio do trigo e perceber quem está na internet para uma amizade sadia, talvez um namoro bem sucedido, de quem quer apenas sarro e diversão grosseira. Por essas nunca se deve crer em nicks estilo "H_quer_M". Trasladando para uma situação mais "real", você não se apresentaria para uma garota numa boate ou num barzinho usando seu apelido caso fosse "Ditão pé-de-mesa" nem uma garota chegaria para um rapaz sério se apresentando como "Menina_assanhada_18" ou, na situação real, "Maria Molhadinha".

Por isso, seis anos sendo um fã da internet, hoje tenho ótimos amigos internéticos, uma namorada linda que conheci (pessoalmente inclusive) graças a essa engenhosa invenção que fez do meu computador uma entrada para minha casa e que todo domingo recebo os amigos entrando pela porta de dentro.

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PS - Uma sugestão aos veículos da grande imprensa (revistas, jornais, televisão) é que eles olhem a Internet além das amizades e também como um meio de talentos. Recentemente li o livro virtual da amiga e poetisa Elane Tomich, de Minas. Ótimo por sinal. Gente, essas listas de discussão além de poesias também tem ótimos pensadores, artistas plásticos, desenhistas, contadores e muitos outros tipos de criadores que só esperam uma chance para serem mostrados em maior amplitude. Força a eles! Força a nós!



25/11/02

10:26 PM
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