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cronicas-->O Mestre Popular -- 19/05/2005 - 19:18 (Luis Gonçalves) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
O Mestre Popular
Luís Gonçalves
A criatividade humana é sem dúvida o berço da cultura popular. O brasileiro é um detalhe a mais dentro dessa prosódia. Algo além desse mero artista suburbano.
Qualquer comunicador internacional fala menos que o nosso "homem da cobra". Até seria o caso de começarmos a pensar em exportar o nosso talento com as palavras.
Para quem curte a novidade das ruas, é só passar ali pelo beco das moças, a partir das nove da matina, para ficar por dentro do "babado" que acontece na cidade.
O locutor das paródias acorda cedo. Sai de casa e entra num boteco, toma tudo que tem direito. É um ritual para benzer o corpo e afastar o mau olhado. Isso atrasa conversa.
Ali pelo meio da manhã, o cidadão já está cheio de razão. Capaz de opinar sobre o caso de amor que levou Jesus Cristo a morrer na cruz. A partir daí tem receita para tudo.
Planta, colhe. Faz chover só para ajudar os desabrigados e sem perder de vista a santa modéstia. São pessoas de bem. Pessoas instruídas. Às vezes até parente do Papa.
Volte e meia suspende mais uma para manter o equilíbrio das finanças públicas. As pernas já não suportam o peso da responsabilidade. A partir de então o cara só fala inglês.
O papo fica tão complexo que acaba selecionando o público ouvinte. As pessoas com pouco conhecimento na área afastam-se literalmente. Está aberta a fenda da discórdia.
Quem fica do outro lado não conhece a realidade do prosador das ruas. E acaba se assustando quando escuta alguém ali no canto escuro da sala fazer uma gracinha. Bobagem, né?
Alguns membros da elite da comunicação mundial têm tropeçado nas palavras. E daí? Alguns deles são mestres da cultura popular e falam inglês à vontade.
Pessoas que guardam em sua origem a familiaridade com a falácia das ruas. Com o passar do tempo perdem o manejo com as palavras. Só isso? Nada a ver. Ou melhor, tudo a ver.
A mídia que é cruel. Ela não brinca em serviço. Ela não entende a verdadeira aptidão humana. Acaba podando a golpe de facão o talento de mais um suposto mestre popular.
Entremeio esses destemperos sobra material na mídia. Todo mundo quer dar a sua opinião. Até o sambista resolve fazer versos com a cara do rapaz. Já pensou?
O cara que lava o seu carro tem um palpite de como seria o enterro do imprudente. O flanelinha acredita que primeiro tem que retirar o escalpo, senão não há glória. Enfim...
A parte mais legal fica por conta da criatividade dos mestres populares. Os atuantes. Sem embaraço eles realmente transformam a reza equivocada numa ladainha de nobreza.
E a galera aplaude. Vibra. Pouco além, aqueles humildes versos se transformam num hino a bandeira nacional. E o agito dura até o próximo deslize de um desafortunado qualquer.
A arte do povo anda tão aflorada ultimamente que o País virou uma comédia. Cada cena é uma piada. O povo faz gracinha de tudo. As instituições públicas são um teatro de arena.
A base de encontros e tropeções; pelo dito e não dito do povo da banda de lá. A trilha sonora é um espetáculo.
Essa efervescência regional faz parte da concepção artística do homem interiorano. Poderia ser um estado de graça diferenciado. Ou uma enquete proposital.
A verdade é que as coisas rolam aqui em nosso País. Aonde tudo que se fala vira música e vai parar na trilha sonora da novela das oito. Com tudo de grátis.
Nós curtimos de montão e o povo de lá que se machuca. Aqui, quem não toca, dança. Pode esperar, daqui a pouco desembarca mais um estropiado aqui querendo ser humorista.
O cara não tem currículo nenhum, mas se acha no direito de dar uma de mestre popular. Com certeza vai sofrer uma overdose legal. Aqui o nosso sangue é vermelho carmesim.
A nossa forma de vida sofre uma reengenharia de graça e beleza. Fomentando o progresso da comédia nossa de cada dia.
Esse circo de belas atrações acaba levando a população a descobertas importantes. Vejam, bem: um desses mestres populares descobriu o código do asfalto da nossa cidade.
Essa notícia ainda está quente. Igual o convercê do povo lá de fora. No meu fraco modo de pensar, creio que a coisa nem ainda bateu na porta da mídia.
Mas, garanto que já quebrou várias taramelas ao meio só com os gritos da moçada. E o fulano anda batendo caixa de obra. Diga-se de passagem, extremamente superfaturada.
Segundo o dito popular, o asfalto do lado de cá é apenas um tapete preto para tapar poeira. Ou seja, na verdade não é uma obra de pavimentação asfáltica como se supunha até então.
Pense, bem. A pessoa que se desprende em prol de um projeto dessa envergadura não pode ser simplesmente ignorada.
Imagine o que esse cidadão passou para chegar a esta surpreendente descoberta. Sem apoio técnico, porque ele não é francês. Só fala inglês após tomar umas e outras...
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