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Contos-->A RESPEITO DE MÃES, SOGRAS, NORAS....MULHERES -- 10/05/2008 - 03:22 (Vera Linden) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

A Respeito de Mães, Sogras, Noras...Mulheres

Por Vera Linden



Norma Bleines preferiu subir as escadas, em vez de usar o elevador. Gostava de escadas. Mais de subi-las do que de descê-las. Escadas dão a oportunidade para se pensar melhor sobre a vida, além de ser um excelente exercício físico. Pensava sobre o jantar da noite anterior com o marido, o filho e a nora. Sentia, que a nora era cuidadosa com as palavras com ela, não notava grande simpatia por parte da moça. Ela era apenas gentil e parecia sempre alerta na presença de Norma. Muitas vezes tinha vontade de abrir o coração e perguntar o porquê de tudo aquilo? Mas, ela também se continha e imaginava, que o silêncio é muitas vezes um excelente conselheiro. A nora, estranhamente se parecia com a mãe de seu marido, sua fiscalizadora sogra. No dia anterior desabafara com sua melhor amiga, que fora uma decepção para a mãe, para a sogra, para a nora e para uma das cunhadas. A amiga a olhara espantada e ela explicou: Para a mãe não fora a menina linda, que deveria se parecer com ela e também não nascera, esperta, inteligente e vibrante como sua genitora e nem se tornara uma advogada famosa, logo ela que tinha horror a direito e nem casara com um homem rico, que tiraria a família da miséria. Para a sogra, não era a mulher tranqüila e doméstica, que se tornaria uma ótima auxiliar e a livraria da faina do dia-a-dia. Ela fora uma metida a granfina, que quisera trabalhar fora e deixar os filhos nas mãos de empregadas. Uma inútil, que não sabia lavar uma roupa ou cozinhar bem. Para uma das cunhadas, que morava próximo a sua casa, não era a tia rica e bonita, que atrairia bons partidos para a sobrinha. A amiga a olhara comovida e falara: “ – Norma, você é a melhor filha, a melhor nora, a melhor sogra, a melhor cunhada, a melhor tia e a mais fantástica amiga, que alguém pode desejar nesta vida!” Ela abraçou a amiga chorando agradecida.

O jantar fora um desastre, ela devia reconhecer, não se saíra bem em nada. A nora fazia como a sogra, sentava na cozinha e fiscalizava a “incompetente”. A pobre Norma se atrapalhava toda e fazia uma confusão na cozinha, além da insegurança que seu tempero era uma droga mesmo. Pedia a moça para provar os pratos e a mesma com um olhar entre a piedade e a censura, dizia estar tudo ótimo. Mas, ao ser servida a comida, olhava tudo com cuidado de quem teme ingerir bactérias demais, comia sempre pouco e arranjava uma desculpa para logo ir embora, como alguém que visita um restaurante decadente. Norma nestas ocasiões, muitas vezes chorava de tristeza e frustração. Lembrava as palavras proféticas de sua inteligente mãe, de que ela nunca prestaria para nada.


O pior viria ao servir a sobremesa, que a moça nem aceitara. Entre uma conversa e outra a nora dissera, que o filho poderia passar o final de semana com a mãe. Então, Norma falou o que não devia: “ – Como passar o final de semana comigo ? ela ? A esposa dele. A moça respondera, secamente, que iria para a casa da mãe. Mas, como um casal recém casado, se separa assim no final de semana? E ela, a trapalhona sogra e mãe,vociferara:


“ – Primeiro a esposa, depois a mãe. Minha felicidade é vê-los juntos e não separá-los e meu filho irá homenagear a sogra, que é sua segunda mãe !” Pobre criatura ridiculamente ingênua, tola e sonhadora, nada irrita mais uma nora do que uma sogra perfeita. Mas, nossa generosa personagem, acredito que jamais chegara a ter tal entendimento. Nunca lhe cairá a ficha, porque ela não tem ficha nenhuma, pois não joga, como a maioria da mulheres. Falta-lhe aquela dose de malícia. Nem o ouro pode circular tão puro assim.

Ufa! Norma chegara ao seu andar, o último degrau da escada. Como numa premonição de vidente, um entendimento divino viera a sua cabeça. Seriam suas muitas orações diárias ? Ou porque não fazia mal a ninguém, não era invejosa, só desejava o bem para todos, mesmo que o marido e a sogra várias vezes lhe dissessem, que ela era uma pessoa profundamente má. (Só se fosse para ela mesma.) Pensou em tudo isto e conclui para si mesma: “ – Como sou tonta e tapada, como levo tempo para assimilar e entender tudo na vida!” De algum lugar no inferno, se é possível se ver a Terra de lá, a mãe e a sogra, suspiraram e pensaram: “Até que enfim!” Tudo se tornara claro. A nora era ligada umbilicalmente a sua clã, a sua amada família. Queria mesmo era ficar sozinha com eles e nem o marido fazia parte deste jogo familiar. Não seria muito mais simples, reunir a todos? Norma pôs as sacolas no chão, bateu na boca três vezes e disse a si mesma e em voz alta: “- Cala-te maldita. Só fales quando o comandante Cérebro aprender a pensar espertamente  e a tola Norma deixara de ser tão molenga ! Viver é preciso e jogar é mais ainda. Faça este teu ar de intelectual que lê Kant e Descartes e trata de azeitar esta tua inteligência !” Ela deu uma sonora risada e pôs a chave na fechadura, deixando as sacolas no chão. Afinal, uma dama como ela, não carrega pesos inúteis. A vizinha do apartamento em frente, ao abrir a porta naquele momento, fofocou com o marido: “ – Isto que é viver. Eis o motivo da Norma não aparentar a idade que tem, quem diz que ela tem sessenta e cinco ? É esperta, veio de elevador, eis o porquê de não ter varizes nas pernas. No mínimo alugou o Sérgio da portaria e ele deixou as sacolas em frente a porta e ela como sempre, leve, livre e sorridente. O trouxa do velhote, o marido bonzinho e doutrinado, que leve a carga para dentro do apartamento.Preciso conversar mais com a Norma. E, olha Afonso,eu nunca mais carrego sacola. A mulher tem que exigir, se valorizar. Autoestima no alto!!”


 

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