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Poesias-->CALENDÁRIO POÉTICO 2008 -- 31/12/2008 - 23:24 (Francisco Miguel de Moura) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos


Capa



PERDIDA ESPERANÇA



Francisco Miguel de Moura



Perdi o trem das minhas esperanças,

sem pressentir perder real transporte

deste abismo de vida... E já sem norte,

chego a pensar perigos e vinganças.



Corpo e alma, meus pratos na balança,

quais sinetes fatídicos da morte:

O que me deram pra marcar a sorte,

desde os meus verdes tempos de criança.



E houve caminhos, descaminhos... Forte,

eu não fui forte! E carreguei distâncias.

E a ternura de mãe foi meu suporte.



Ah se os meus restos encontrassem paz!

Fariam tudo para ser mortais,

ferindo a evolução das substâncias.

____________



Janeiro



ESSA CHUVA



Francisco Miguel de Moura



Essa chuva a bater no meu telhado,

pelas bicas descendo em borbotão,

tangida a raio, a ronco de trovão,

dá-me um sono tranquilo e temperado.



Essa chuva matando a sede ardente

dos animais, das árvores, da terra,

dá pinceladas verdes sobre a serra,

cai-me no peito carinhosamente.



Essa chuva tão forte e barulhenta,

que não é chuva "de resignação",

vem da lira de Deus que se arrebenta.



Essa chuva engravida, com certeza,

a semente do amor no coração...

E abre-se em flor e fruto a natureza.

_____________



Fevereiro



EU E MEU NOME



Francisco Miguel de Moura*





Quem eu sou? Impossível responder

sem confundir o ser com o ter sido,

com o vir-a-ser, com o nunca ter nascido.

Sei o meu nome, é todo o meu saber.



Quem vai fazer meu nome, pode crer,

é o menino que em mim está fingido.

E se o fizer depois de eu ter morrido,

de que me serve o longo desprazer?



Sirvo à dor do infinito ou à matéria.

Quem é livre pra ter mais que a miséria,

dá sem pedido, esbanja a qualquer hora.



Não sei mentir, por isto é que me invento.

E com a força que vem do sentimento,

não passo de um menino que se adora.





____________





Março



A CASA DO POETA



Francisco Miguel de Moura



Ficaria num alto, assim e assim...

A casa em que nasci. Era pequena,

de taipa e telha, no alto da colina,

de onde me vi nos bois e sua sede.



E à noite, se acendesse a lua cheia,

a estrada era tão branca e parecia

um rio de água clara me clareando

a baixada, na busca de outro rio.



Tinha um quarto, uma sala e uma rede

para embalar-me no calor febril.

E a cozinha era a paz de nossa fome.



Não havia fachada, as telhas tortas,

sujas, pretas do tempo e sol sem chuva...

E ela se foi levando a minha infância!



_____________





Abril



CURRICULUM VITAE



Francisco Miguel de Moura





Dentro do tempo nasce uma verdade

linda e perfeita - a vida que se enflora.

É outro o tempo, é coisa de uma aurota,

corre tão louca essa felicidade.



Durante a infância há risos sem demora

e, antes da madureza, a mocidade

vende saúde, oh generosidade!

Mas sua meia-idade o homem deplora.



Descendo a escadaria dos quarenta,

eis senão quando, ser finito, vê-se

relendo a partitura do infinito.



Desse choque escapar, o homem tenta.

Se não consegue, é que isto lhe acontece

quando não há mais sombra do seu grito.

_________________



Maio



ÁGUA OU CHAMAS?



Francisco Miguel de Moura





A vida é água, eu sei, mas também cal,

também areia e ferro e outros minérios,

e o tempo em que o mar prepara o sal,

e o espaço embaralhado dos mistérios.



A vida, muito mais que o bem e o mal,

é o amor e os sentires deletérios:

É o vício, a escravidão, e um cipoal

de paixões que falece em seus impérios.



Volta a vida ao escuro onde é nascida,

qual verme da "verdade perseguida",

pelo canto encantado das sereias.



Porém a confissão incompreendida

d`alma, e o canto ou grito da partida

serão cinzas do lume das candeias.

____________





Junho



DÚVIDA



Francisco Miguel de Moura





Oh mistério! Não creio... Sou obtuso.

É, muitas vezes me recuso a crer

que se tenha nascido pra morrer.

Será determinismo o que recuso?



A própria vida às vezes eu acuso

porque me faz gozar, me faz sofrer...

E é mais triste que possa parecer

o sofrer do inocente... Estou confuso!



Se Deus existe, tudo me faz crer

que seu orgulho sádico é tão forte

que só nos cria para o seu prazer.



Mas outras vezes penso d`outra sorte:

- Um velho Deus, coitado, a padecer,

Arrependido por ter feito a morte.

_____________



*Sonetos de Francisco Miguel de Moura, integrantes do "Calendário de 2008", organizado pelo poeta e contista Edson Guedes de Morais, residente em Recife - Pernambuco.

Postado por FRANCISCO MIGUEL DE MOURA às 11:43

Marcadores: *Pernambuco, calendário

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