Alfredo, um homem pobre, pai de dois filhos ainda bem pequenos, profissional de serviços gerais, fazendo uma faxina em uma confecção que havia fechado por problemas financeiros, encontrou entre as máquinas e restos de estoques de tecidos uma bonita carteira. Sendo um homem honesto ele se preocupou em devolvê-la ao seu verdadeiro dono. Para saber o nome do proprietário do objeto achado ele precisou abri-la. Era uma carteira de couro bonita, preta, quase nova, com duas faixas douradas enfeitando-a. Para sua surpresa não havia fotografias, endereço, nome do proprietário e cartões de crédito. Apenas uma cédula de dois reais e uma carta que dizia o seguinte: - Esta empresa infelizmente não conseguiu progredir. Problemas gerenciais e financeiros levaram-na à falência; entretanto essa nota de R$ 2,00 poderá ser o inicio de uma nova empresa que será prospera e empregará um grande número de funcionários. Use a criatividade e comece com essa pequena quantia, mas tenha fé e perseverança, seja generoso e trabalhador. Adquira conhecimentos e não mude o seguimento de mercado. Esse é um presente que você merece por ser um homem bom e honesto.
Alfredo continuou fazendo a faxina e se perguntando: Como eu farei com apenas R$ 2,00 para continuar um negócio falido? Pensam que sou bobo ou idiota? Se os atuais proprietários eram ricos, experientes industriais e não conseguiram o sucesso, eu, com pouca instrução e desconhecendo todo o mecanismo de uma confecção, jamais conseguirei ter uma industria, mesmo que pequena.
Mas guardou a carta junto com a carteira no bolso de sua calça rota e continuou a varrer as instalações da empresa. Na hora do almoço, enquanto comia os alimentos requentados da marmita, recebeu uma intuição; jogar os míseros dois reais na mega-sena. Assim, terminando de comer ele caminhou até uma loteria próxima e fez um cartão de R$ 1,50. Colocou-o dentro da carteira junto com a carta e um único vale transporte que o levaria de volta para casa. Os outros R$ 0,50 ele usou na compra de um doce de leite barato. Ele sabia que as suas possibilidades de ganhar seriam uma, entre milhões de cartões, mas mesmo perdendo ele já ganhara uma carteira de couro quase nova e bem cara.
O concurso da loteria correu no dia seguinte. Ele havia combinado em dezenas o numero 1436 onde funcionava a indústria e juntou ao número 02 do valor da nota e completou com as dezenas da série da cédula. Resultado: Foi um, entre dois ganhadores da mega-sena acumulada.
E agora ele questionava: O que fazer com tanto dinheiro? Os oportunistas gerentes de grandes bancos faziam cálculos mirabolantes de juros progressivos e lhe ofertavam pacotes e propostas de investimentos que o tornariam cada vez mais rico.
Entretanto, antes de qualquer investimento precipitado, Alfredo seguiu as instruções da carta escrita e deixada dentro da carteira encontrada e presenteada por alguém desconhecido. Procurou imediatamente um administrador de empresas experiente e com bom currículo. Contratou-o com salário irrecusável, e, juntos começaram a solucionar os problemas da empresa falida. Comprou o prédio e a massa falida. Admitiram um profissional de recursos humanos e convidaram alguns bons e antigos funcionários da antiga empresa. Contrataram novos e eficientes trabalhadores. Adquiriram matéria prima e novo maquinário. Usaram as mais modernas técnicas de produtividade industrial e em pouco tempo passaram a liderar o mercado de confecções em seu segmento.
Mas Alfredo também não se esqueceu que no texto da carta ainda guardada dizia. Ter fé, ser persistente, criativo, trabalhador e generoso. Com o lucro que não demorou a aparecer, e mesmo porque não necessitava dele, pois estava rico o suficiente para viver sem os resultados da confecção, o novo ganhador da loteria não deixava um só dia de agradecer a Deus pelo presente recebido. Usou sua inteligência e criatividade contratando pessoas certas e eficientes. Mesmo sem ter necessidade, acompanhava trabalhando diariamente o andamento de seu precioso investimento. Ainda para cumprir os dois últimos itens mencionados na carta, ele distribuía vinte por cento do lucro da fábrica entre os funcionários merecedores de premiação. Ainda, por recomendação dos escritos da carta, Alfredo voltou a estudar para melhor gerenciar o seu patrimônio.
A carteira de couro com enfeites dourados continuava guardada cuidadosamente entre seus pertences mais valiosos. Os anos se passaram, e Alfredo agora já tinha seus filhos criados e até netos, todos vivendo com fartura e felicidade. Sua fortuna havia se multiplicado e ele era um homem igualmente feliz. Sendo assim, Alfredo resolveu fazer uma nova carta em substituição à carta amarelada pelo tempo. Colocando-a dentro da carteira ainda conservada, juntou uma nota de R$ 100,00 foi até a Igreja de São Judas Tadeu, assistiu uma missa, agradeceu o presente que havia recebido, esperou em silencio a Igreja ficar vazia e deixou sobre um banco a carteira que havia modificado toda a sua vida.
O texto da nova carta dizia: Essa carteira não foi perdida. Ela é um presente que ganhei e que agora ofereço com muito amor. Você que a encontrou faça uso de sua inteligência e comece uma nova vida com essa nota de R$ 100,00. Tenha fé, criatividade, seja perseverante, generoso e trabalhador. Quando a ganhei encontrei apenas uma cédula de R$ 2,00 que me permitiu ficar rico e feliz. Tenho certeza que Deus escolheu você para usá-la como desejar e quando conseguir realizar os seus sonhos, repasse esses ensinamentos.
Essa carteira não é um presente qualquer, ele é um presente de Deus! Seja feliz!
