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Cronicas-->As quedas de Virgílio - Capítulo: Os Vizinhos -- 05/05/2005 - 15:45 (Carlos Eduardo Canhameiro) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
As quedas de Virgílio / Capítulo - Os Vizinhos

Carlos Canhameiro

Virgílio, o homem sem sorte, era casado. Casado há anos com Teodora, a mulher de infància complicada. Mas o casamento de Virgílio e a infància de sua esposa serão alvo de outro capítulo. Virgilio, o homem comprometido, mora numa casa germinada, paga aluguel em dia, pelo menos é o que pensa Teodora, e se dá bem com os vizinhos. A realidade da boa vizinhança se dá mais pelo fato de o quintal ser dividido por um muro baixo que obriga os moradores trocarem olhares todas as vezes que entram ou saem de casa. Enfim, Virgílio, o homem comum, não poderia deixar de sorrir para os vizinhos e esses faziam o mesmo em retribuição, daí o início da política da boa vizinhança.
Num determinado dia, que não havia sido determinado por ninguém, os vizinhos de Virgílio iniciaram uma discussão calorosa. Virgílio, o homem do banco de horas, aproveitava a folga assistindo televisão e não póde deixar de prestar atenção nos berros da esposa. O vizinho, homem de voz forte, saiu batendo porta. A vizinha, mulher de belas pernas, ainda gritou palavras muito usuais mas de grosso trato, na grade do portão. Virgílio, que não se sensibilizava com nada, resolveu averiguar o ocorrido. Encontrou a vizinha em prantos, despedaçando as margaridas do jardim. Deduziu que o marido já estava longe no momento, sabe-se lá se tinha ido trabalhar, afundar as mágoas num copo de cerveja ou... Enfim, Virgílio, o homem sem tato, pulou o baixo muro e resolveu consolar a vizinha chorosa e dividir com ela a tarefa do bem-me-quer-mal-me-quer com as flores. Depois de uma semana, dividiam a cama. A dela, porque Virgílio, o homem de moral simples, respeitava demais Teodora para traí-la em sua própria cama.
O caso prosseguiu e, para preservá-lo em segredo e não levantar suspeitas, Virgílio propós que falassem mal um do outro para seus respectivos parceiros, no caso, os legitimados pela bênção Divina e Legal. Assim, Virgílio desmerecia a vizinha para Teodora, se bem que Teodora, mulher de faro fino, já não tolerava a vizinha há tempos, talvez porque sabia do risco, talvez por pura inveja das pernas da vizinha. A vizinha, por sua vez, repreendia o marido por ser amigo de Virgílio, um homem vulgar e mal vestido.
Virgílio e o vizinho se tornaram amigos, frequentavam estádio de futebol e faziam churrascos no final de semana. Nessas ocasiões, Virgílio não perdia a oportunidade de espezinhar a vizinha para a amada esposa e a vizinha de retribuir na mesma moeda. Porém, inadvertidamente, trocaram olhares de cumplicidade, coisa que o marido percebeu. Teodora, a mulher prendada, nada viu porque estava preparando o vinagrete.
No encontro seguinte entre Virgílio e a vizinha, enquanto praticavam o esporte milenar, a vizinha teve a idéia de aumentar as difamações para os conjugues, de modo a não deixar dúvidas que jamais sentiriam nada um pelo outro. Virgílio, o homem Homem, não sentia mesmo nada pela vizinha. Gostava de transar com ela, do oral que ela praticava, já que Teodora era pouco afeita a prática, e mais nada. Mesmo assim, aceitou a idéia. Teve medo do vizinho desconfiar depois do flagrante do olhar. Virgílio, o homem covarde,
não queria um encontro próximo com os bíceps avantajados do vizinho.
Virgílio não intensificou o ataque à vizinha porque Teodora não precisava de mais estímulos. Já a vizinha revelou ao marido, como se fosse furo jornalístico, que Virgílio não correspondia aos padrões masculinos de comportamento. Disse que soube da boca da própria Teodora. O marido recusou acreditar, afinal eram companheiros de baralho. Mas a vizinha não teve dúvidas, afirmou com todas as letras: Virgílio é V-I-A-D-O. Ela era mulher e sabia quando um homem era um homem!
Numa tarde de sábado, Teodora estava na mãe, Virgílio recebeu a visita do vizinho. Estranhou, mas não muito, afinal teria futebol na televisão. O vizinho entrou, sentou, tomaram umas cervejas, o jogo no meio do primeiro tempo. Virgílio, o homem sem romance, já havia até esquecido que o vizinho era a mesma pessoa que recebia os cornos por ele dado. O vizinho falou, revelou que a mulher não mais o respeitava, que pouco compartilhavam as coisas e a cama. Estava confessando o fracasso do casamento e que se sentia o único culpado por tudo. Virgílio, o homem sem persuasão, tentava dissuadi-lo de tal culpa quando foi surpreendido por uma mão em sua perna, apertando-a com força.
O vizinho era o viado da história e queria o viado do Virgílio. Agora, restava a Virgílio, o homem sem moral, convencer o vizinho de que até traição tinha limites: a vizinha, tudo bem, mas o marido. Teodora, a mulher ortodoxa, poderia não aprovar.
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