E então o moço me segurava com braços fortes e eu me abandonava ao vai da musica, ele me conduzindo eu seguindo sua condução firme, e rodopiávamos, redondo, forte, sorrindo sempre, lembro a sensação ímpar de, com ele, rodopiar. Nunca houve igual.
E então dançávamos de rosto colado só quem namorava podia e nos agarrávamos a cada oportunidade de ficar sozinhos, abraços escondidos, nos escuros, nos becos, no carro, beijos que duravam horas sem cansar.
E então me lembro das cartas e bilhetes carinhosos, da musica que compôs para mim e da rosa que chegava todos os meses, a cada mês uma a mais até que aos três anos de namoro recebi três dúzias e depois não mais.
E então vez em quando ainda o vejo, um aniversário, uma noite de autógrafos, um enterro, um senhor, cintura alta, nunca jeans, ainda as mãos bonitas e ainda o sorriso é o do menino que ficou lá atrás.
E então não foi com ele que debutei a entrega total, a paixão louca, o casamento que já acabou, os filhos com quem vida nova a cada dia, os amores fortes e completos que vieram e se foram, a vida que vem e que vai e o meu novo estar no mundo como pessoa curiosa e sempre renovada.
Mas foi com ele e só com ele que fui debutante. Como só naquele tempo se debutava.
Tita
5/12/2008
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Tudo a ver
"Há certas sensações deliciosas cujas imprecisões não excluem a intensidade; não há ponta mais aguda do que a do infinito"
Charles Baudelaire em "Pequenos poemas em prosa"
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