Estive lá, imiscuindo-me. Na sala cheia de musica, olhando pela janela grande, acompanhei seu dia e sua noite, até que o cansaço tomou conta.
Roubei a verdura da horta, olhei os objetos, dedilhei no computador, usei secador que alguém esqueceu, tomei banho em banheiro que não era meu, sequei-me em toalha felpuda e macia, brinquei na grama.
Deitei-me no sofá (esparramada) assistindo imagens, tomei garrafinhas d’agua, lavei louça na pia, tomei seu chá e saboreei a comida que você fez pra mim.
Conheci o parque, deixei que me conduzisse pelas ruas, abracei e beijei seu animal de estimação.
Emocionei-me com os cuidados, deixei que penetrasse em mim a solidão que pairava no ar.
Falei muito, perguntei muito, escutei pouco. Abocanhei o silêncio, escutei poesias e chorei, sensível a tudo.
Admirei o verde e por momentos inesquecíveis apossei-me do som da sua voz, do seu abraço, da sua boca e da sua cama.
Então acenei através da porta de vidro do aeroporto e caminhei até o avião.
Lembro-me sempre da sensação do retorno
e concluo que ainda não sei
se o que veio de você em mim me foi dado,
ou se fui eu que roubei.
Tita
30/10/2008
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