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Poesias-->CAFÉ - ensaios -- 10/12/2008 - 23:06 (Cristina Ancona Lopez) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
BOLINHAS AO SOL

Vim de longe, até chegar neste futuro.

Vim das conversas sobre Catuaí, Burbom, Mundo Novo*, dos passeios no carreador*, desde o colo de meu pai.

Vim da roça, do trator, e da florada com cheiro de jasmim, quando tudo parecia neve.

Um dia você vai ver neve, ele dizia. Mas olha só esse branquinho, é assim que se parece.

Eu segurava os buquês (como é que conseguiam desabrochar numa só manhã?) e imaginava e imaginava e imaginava.

Como pode, pai, num repente tudo virar flor? Ele sorria, abraço de quem tinha tempo pra mim.

Sentada na tarde, gestando os nove meses do terreiro vazio e limpo, já previa as bolinhas verdes penduradas nas arvores que se tornariam cerejas* vermelhas ou amarelas, que eu gostava de espocar.

Nos dias da derriça*, rebuliço no ar e logo pisando de levinho nas bolinhas espalhadas no terreiro, esse negócio de esparramar as bolinhas parece rodo, pai, você pegou lá de casa?

Cada bolinha um pedacinho de mim, secando ao sol pra se tornar coisa outra. Rumo a pó de bebida, as bolinhas; rumo a adulto, eu.

Ficaram lá as bolinhas e eu já vi tanta neve!

Hoje to aqui, neste local de ciber-conexões, gente bonita, comidinha elaborada, multimídia...acabei de pedir um café neste futuro em que já cheguei, rumo ao próximo e eu sempre indo, o café vem, expresso.

Vem numa bandejinha branca, xícara clean, biscoitinho ao lado e tem também o copinho com a aguinha cheia de gás pra limpar o meu paladar de todo o resto e me deixar sentir o gosto lá da minha terra, lá da minha casa, lá do meu passado, da minha neve que aquela sim era neve.

Como aquela, nunca mais vi.

16/10/2008

* Legenda:

Catuaí, Burbom, Mundo Novo: tipos de café para plantio

Carreador: rua de cafezal

Cerejas: contém em seu interior as sementes de café

Derriça: derrubada do café

.



SEM AÇUCAR

Lembro-me da primeira vez que tomei café sem açúcar. Foi ele que insistiu. Toma, toma, você vai ver como é bom. Tomei. Não me esqueço do gosto que ficou na boca, do perfume que ficou no ar.

Nunca mais fiquei sem.

Há coisas na vida que não se pode deixar para trás.

Como perder o sabor da bebida quente depois de um lauto almoço? Como deixar de ter sua companhia numa troca de confidências com amigas? Como não tomá-lo em reuniões de trabalho para espantar o sono, em manhãs dormentes para sacudir o corpo, em intervalos nas salas de musica observando os efeitos dos acordes nas expressões faciais das pessoas? E aquele sorvete de café aos domingos? Não largo, não largo. Nem pensar!

Não deixarei de colocar minha cafeteira italiana no fogo no silêncio da cozinha ao amanhecer, jornal a ler sentada à mesa, esperando que coe, boca que saliva, nariz que se alegra, canequinha na mão. Não deixarei de observar as janelas dos prédios vizinhos, aos goles de meu café quente. Eu não.

Sem café não fico.

Quanto a ele, há tempos não o vejo. Lembro-me vez ou outra de quando tomávamos café, sentados na varanda, comentando os acontecimentos do dia. Senti tanta falta no começo! Pensei que não me acostumaria.

Hoje, sei que sem ele posso ficar mas, sem café, jamais!

Tita - 01/10/2008

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