ETERNA INTERROGAÇÃO
Délcio Vieira Salomon
(...) o pensamento não é afirmação de si numa feliz evidência, ele é interrogação sobre si , porque no interior de sua presença para si mesmo, a interrogação se desliza sobre si mesma, ou mais exatamente, sua presença é a própria interrogação sobre si mesma. (Jeanne Delhomme – La pensée interrrogative, 1954, p. 48)
Se assim é
por que se preocupar?
Se nada pode mudar
o que posso fazer?
Com o quê contar?
A quem procurar?
Onde a solução vou buscar?
Se continuar procurando,
Onde, como, quando vou parar?
Interrogações, interrogações, interrogações...
No início, no meio e no fim
da caminhada...
Tantos porquês?!...
Tantos comos?!...
Tantos ondes?!...
Tantos quandos?!...
Tantos para quês?!...
Tantas interrogações
Sem nunca resposta obter!
Se acaso a encontrar,
por certo interrogarei:
- quem me respondeu?
- o que respondeu?
- como respondeu?
- por que respondeu?
e na roda viva
das interrogações
pairará meu pensamento.
Interrogações, interrogações, interrogações...
Sim, se penso, interrogo.
Se interrogo, penso!
O pior....(ou o melhor?)
É que não paro de pensar!
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