*Nosso Alforje*
Em tiracolo numa longa viagem
Está sempre em nossos ombros
Às vezes carregado de assombros
Outras da leveza da acetinagem
Conduzimos sementes variadas
Plantamos em terrenos férteis
Outras em pedregulhos inférteis
O fruto depende das adubadas
Caso o espinho sangre na mão inábil
Não culpe a natureza tão perfeita
Mas, a falta de tato na espreita
Por não usar carinho colhedor hábil
Quantas estradas nós temos a trilhar
Com tantos desvios, tantas erupções
Na obscuridade oculta dos vulcões
A perplexidade vive a nos beirar
No alforje conduzimos amor e ódio
Tristezas, alegria, dor e solidão
Sucessos, fracassos, abdicação
Sabor de adocicado com sódio
Na insanidade de nós herdeiros
Desta terra planeta de mistérios
Destruída com lentidão e critérios
A lágrima tem na face seu canteiro
Somos da própria vida alienígena
Estrangeiros do saberes incultos
Rendo-me ao Céu por meus indultos
E ao amor de nascimento rurígena
E absolvição por fazer do amor
Minha ilusão de sonho facundo
Minha fantasia quase moribunda
Meu estandarte, canto multicor.
Sonia Nogueira *sogueira*
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