“Eu atinjo auto-consciência, eu me torno eu-mesmo somente pelo meu auto-desvelar para outro, através de outro, com o auxílio de outro. Os atos mais importantes, constitutivos da auto-consciência, são determinados por sua relação com outra consciência (um o seu ). Isolando a si mesmo, apartando a si mesmo dos outros, se fechando em si mesmo...essas são razões básicas para a perda do eu . Ocorre que toda experiência interna ocorre na fronteira, se contrapõe a outra, e sua essência reside nesse intenso encontro. A própria existência do homem (interna e externa) é uma profunda comunicação. Ser significa Se Comunicar. Ser significa ser para o outro, e através do outro, ser para si mesmo. O homem não tem território interno soberano: ele é todo e sempre na fronteira; olhando no interior de si mesmo, ele olha nos olhos do outro ou através dos olhos do outro...Não posso fazer sem o outro; não posso me tornar o que sou sem o outro. Preciso me encontrar no outro, encontrando o outro em mim (em mútuas reflexão e percepção)”.
(Extraído de Mikhail Bakhtin, "Towards a Reworking of Dostoiewsky Book", p.96). |