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Contos-->Hildavassa -- 28/01/2008 - 10:31 (Marcelino Rodriguez) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
A FERA DA LAGOA

Marcelino Rodriguez

Quem visse aquela mulher quase sexagenária cabelos curtos
avermelhados refestalando-se na cama
com dois rapazes jamais imaginaria
tratar-se da austera e arrogante
juiza da décima primeira vara
de orfãos e sucessões,
a tão temida Hilda Menezes,
ou a nazista como a chamavam
os funcionários do cartório, nos bastidores.
Era assim, praticamente de quinze em quinze dias
chamava os rapazes para a lúxuria, pagava-os e despedia-os.
Então ela, saciada, tomava uma chuveirada, uma vez
que acalmava a fera que tinha dentro de si e somente
um observador muito minucioso poderia ainda que um tanto
de longe intuir a voracidade da juiza.
O apartamento de Hilda, embora espaçoso, dando com dois janelões
de sala e quarto para a Lagoa Rodrigo de Freitas
era feio, soturno, com móveis escuros e de mau gosto.
Na grande estante da casa somente livros jurídicos, os únicos
que interessavam ao espírito predador da dona que nem
de longe enxergava sua bizonha personalidade, afinal herdara
dos país a mediocridade, onde os valores era apenas: estudar, trabalhar
e sobreviver, sem maiores profundidades.
A vida dela se resumia a caça e prazer como
qualquer tigre de bengala, desses que pulam
nos elefantes e ranca-lhes os pedaços do lombo.
Hilda movia-se na vida apenas pelo seus interesses imediatos,
usava
sempre que podia a burocracia a seu favor.
Não suportara o marido mais do que dois anos
e divorciara-se. Hilda era tanto fria no tato quanto
nas sentenças onde muitas vezes desprezara lágrimas
e desespero dos que precisavam de sua boa vontade, pois
ela não abria mão do seu burocratismo. Quando saciada
nos seus instintos descansava vendo televisão, comendo gelatina
ou dando ordens a faxineira. Não tinha mais do que oito pessoas
com quem de fato se relacionava, entre essas oito as duas sobrinhas
e a única irmã que era bióloga.
Comia e bebia bem pra seus padrões sem refinamento, pagava seu sexo
e mais impressionante, ela gostava de si própria, como se gostam
os porcos. No mais eram os dias na Vara cuidando de bens
alheios e dando suas sentenças cheias da linguagem jurídica.
Ela fazia questão de distanciar-se hierarquicamente dos leigos
do direito e tratava com desprezo os advogados.
Agora ela olhava-se no espero, alisava os molhados
cabelos curtos e molhados. Deita-se enrolada no roupão
molhado do lado direito da cama e acende a luz vermelha
do abajour. Agora iria descansar. Já havia caçado bem por hoje.
O apartamento na penumbra vermelha do quarto parecia descansar
com a fera num pacto sinistro.

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