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Poesias-->EnsaioSobreACegueira ,A Poesia (A J. Saramago e a W.Salles) -- 29/10/2008 - 22:23 (Sereno Hopefaith) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Número do Registro de Direito Autoral:130952222367270600
A “onda vermelha” ganhou o asfalto

Que importa se o sinal está verde?

Quem sabe para onde ir? O sono

Atormentado. Os sonhos de quem

Não consegue dormir. Ninguém

Sabe contra o quê lutar. O controle

Social vem de todos os lados. O

Desatino precisa de adrenalina

Está tudo branco diante dos olhos

No sinal vermelho todos vendem

Incertezas, Todos compram, Estão

Cegos, Estão vendo tudo branco

A bandeira branca aspirada turva

A retina, cega; Na noite sem fim

A massa intestina, chega, divide

As tarefas triviais, domésticas

Domésticas negociam todas as

Supostas liberdades e o simples pão

A cidade sobrevive fazendo todo tipo

De concessão. Viver é uma festa

Um genocídio, uma prostituição

Onde ninguém vê nada todos são

A próxima vítima da catarse coletiva

Viver da possibilidade do acaso

A sociedade primitiva de 2008

Precisa dos homicidas afoitos

Na sala de jantar do mutirão.

A novela ninguém mais precisa

Filmar. Todos são atores que se

Deixam levar de roldão. E atrizes

Todas livres para ser o que são:

Cervas, A ansiedade de vir a emergir

Do leito de Procusto em direção ao

Amarelo da luz solar mais brega

Suas moradas são os campos de

Concentração; O rebanho não mais

Precisa do automóvel para votar

Ou voltar para casa. O pistilo

Solitário de uma flor invisível

Não está ao alcance de nenhuma

Mão a tatear em fila indiana um

Lugar para se amontoar no próximo

Fim de semana. Afinal, distante de

Outras pessoas desagradáveis

O caos e a rotina separados por um

Fio de cabelo, O real e o virtual

Acontecendo simultâneos na solidão

Coletiva na massa de banhistas

Basta um ator falar mais alto

O rebanho anseia por obedecer

As belas maneiras afetadas

Gentilezas do romantismo mórbido

E lânguido de celulóide. Quem tirou

Deles a vitalidade e a virilidade

Naturais e os tornou compradores

De ingresso sentados, comportados

Nas salas de exibição? Deram-lhes

Em troca os pesadelos da rotina

Industriosa do trabalho. do salário

Ficaram em seus ninhos amontoados

Castrados. sem vontade, como

Galinhas chocas; Suas emoções

Vêem dos arrepios de medo, Tudo

Escapou-lhes do alcance, exceto

O sucesso de seus carcereiros

Nos festivais de cinema europeus

Brasileiros brilham para que os

Brancos dos olhos das pessoas

Da sala de jantar, da sala de cinema

Se vejam no campo de concentração

Do que sobrou de seus desejos

Soçobrados, tudo agora é senzala

Que sobrou, senão a cidade sitiada

Por seus espelhos? Quem sabe ao

Sair da sala de exibição possa então

O espectador ir em direção ao

Fim. Ao fim de semana no litoral

No litoral. E na volta, calcar o pé

No acelera dor tendo ao lado a

Família insólita, transparente

Elástica e inflamável. Protegida

Pelo ambiente capsular do carro

Mulher, filhos e babá podem

Confiar na direção do Felipe

Massa nesse final de semana

Na volta vitoriosa para casa

Os pneus vão derrapar na próxima

Curva em esse do asfalto

E o seu bafo estará contido pela

Lourinha, ou será pela branquinha

A moça do olhar esbugalhado

Paga para embebedar todo mundo

E ninguém está a enxergar nada

Exceto os trejeitos serpentinos

Da modelo par do Zeca Pagodinho

Pagodinho, olhando sempre para

Trás feito uma estátua de sal

Ela alertou os motoristas advertindo

Todos um pouco alto, todos

Pára-quedistas: “Beba com

Moderação”, Felipe modera a ação

Os lábios ávidos na espuma do

Copo gelado em meio à multidão

De banhistas todos, repito,

Pára-quedistas; Ele diminuiu a pressão

Do pé, A rotação do motor baixou

Para l00 km por dia, Então esse o

Segredo do casamento: o inconsciente

Coletivo das famílias zela por tê-lo

Preso às sombras. De corpo inteiro

As células apostam corrida nos fins

De semana, Aladas barracas de praia

Neurônios e bactérias ávidos por

Voltar a morder o anzol do dinheiro

Uma, duas mil vidas sem nenhuma

Plenitude à vista que não seja a

Renovação da necessidade do

Conflito.; Como é confortante

Estar de volta ao abrigo depois

Da folga do fim de semana, Como

É boa a certeza; A única certeza

De que a garagem estará

À espera de seu carro,. A sensação

Fálica do asfalto sendo vencido

Como se a distância fosse o único

Inimigo que o separa dos sete dias

Próximos das sete noites; Amanhã

Às sete horas poderá se valer

Da liberdade ilusória de outro

Fim de semana, A expectativa de

Felipe que ele julga ser apenas sua

É da massa de pára-quedistas que

Salta sobre as cadeiras; ao redor

Das mesas próximas às ondas de

Ácido acético, líquido corrosivo

Nas quais mergulha de cabeça

Na oxidação do álcool etílico

Seu tapete voador galgou as

Alturas e mesuras das nuvens

A menina chora, o garoto olha

A paisagem rápida pelo vidro

Fechado da porta do carro

E a mãe conciliadora fala

— Calma, papai está chegando

A filha de mansinho como que

Despertando de um pesadelo:

— Quero ver as pegadinhas no

Programa do Faustão. “Não é

Faustão, é Buldogão o nome dele”

Provoca o pentelho do Filipinho

— Pipoca com guaraná, Mãeínha

Torna a filha queridinha.

— Está bem, ouviu, Maria?

— Sim senhora, eu também gosto.

Calada a mulher sorrir como quem

Sobreviveu a mais um “programa de

Índio”; Entrou na sala, ligou a tv

Foi direto ao banheiro abriu a ducha

Sentou no trono, soltou um pum

E ouviu o sorriso hilário das

Pegadinhas na reprodução do vt

De volta ao espelho espreitou

Os pés-de-galinha, olho no olho

Como um animal acuado numa

Armadilha, apreensiva, tentou,

Inutilmente, não se ver, Olhou-se

Em busca de tentar vencer o inimigo

Invisível de gestos tão afetadamente

Doces como as pálpebras galináceas

De Juno, buscando ganhar forças

Para a outro fim de semana, de novo

Sobreviver.

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