Para uma mudança radical futura na alienação que o brasileiro tem em geral do conceito de cidadania, ao qual
a maioria pensa que é ter um CNPJ e uma identidade, é preciso que se diga que cidadania é viver bem e com responsabilidade entre seus concidadãos, criando e participando, sentindo-se parte integrante do país; claro que
essa educação futura tem que ter coragem de criticar a ausência e a corrupção do Estado; na verdade, raramente se encontra no brasileiro um cidadão que tenha superado em parte considerável seu próprio ego; em geral, na sua suprema
infantilidade de quem só vive de frente pra TV recebendo uma verdadeira cultura de "contra-informação" da verdadeira realidade, ele pensa em si solitariamente, com débil poder de associação e fraco senso de solidariedade; não dando valor ao outro, ele perde sem saber seu próprio valor, uma vez que se recebe aquilo que se dá, e não o que se tira; uma educação de excelência é aquela que se não anula o ego de todo, ao menos o deixa polido, tornando o individuo
consciente da amplitude da vida e do direito e das verdade alheias.
Quem só pensa em si é escravo da sua própria estupidez;
num país miserável não existem ricos - somente miseráveis.
Cidadão não é aquele que apenas sabe de seus direitos , mas principalmente os que sabem (e cumprem) os seus deveres. Num futuro médio, desde que se comece agora, pode ser que o fato do Corintias cair pra segunda divisão doa menos do que se olhar um país socialmente feio, sujo, com alta taxa de homicídios e uma multidão de compatriotas que nem tem onde cair morto.
IMPOSTO EXCLUSIVO E PROGRAMADO PARA A EDICAÇÃO
Nas pesquisas que vou fazendo aqui e acolá sobre educação, deparei-me
com o Pacto de Moncloe realizado na redemocratização espanhola após
a morte de Franco. A primeira coisa que se repara no pacto é
a objetividade, a uniformidade e a clareza no projeto, inclusive
com orçamentos e gastos calculados.
Será possível um dia e exclusivamente ser criado um pacto social
com responsabilidade nesse sentido, com a participação de indivíduos
do estado e do setor privado? Eis aqui uma idéia viável e excelente,mas
claro que no caso brasileiro teria que se haver forte fiscalização
e cobrança de resultados assim como compromisso de longo prazo, independente
de quem estiver no poder, pois hoje vemos como os CIEPS estão
na sua maioria abandonados no Rio de Janeiro.
O meu objetivo ao escrever esse livro é mostrar porque o brasileiro é mau-educado em detalhes não apenas técnicos, mas também na repercussão do cotidiano do povo, tanto nos seus aspectos pitorescos quanto práticos. Todo brasileiro é mau-educado e corrupto? Não, claro que não. Mas quando se analisa um povo temos que lidar com calculos per capita e não com excessões; e infelizmente não se pode voltar os olhos para lado algum sem que se perceba a tragédia social do brasil nas formas de miséria injustificada e violências gratuitas que assistimos perplexos no noticiário. È obra antes de mais nada essa minha de escritor e cidadão com algum espírito público; não sou especialista na área, mas o primeiro professor se pensarmos assim não foi especialista de nada. Sei e tenho observado, por exemplo, que alguns dos problemas da educação no mundo moderno é a mentalidade materialista e sexual dos mercados mundiais de propaganda, onde o espirito mercadológico se sobrepõe aos interesses humanísticos e consequentemente a valores antes espirituais e culturais. Essa aqui é a obra de um cronista de seu tempo. De modo que me interessa apontar o que ocorria num passado nem tão remoto e a partir da evidente crise de hoje como se pode pensar num futuro ´médio. Como disse, trata-se de uma obra que visa mostrar "buracos" na formação da alma do brasileiro. Para isso, muitas vezes a crônica literaria ou o próprio noticiário podem servir ao objetivo da obra, tanto quanto dados estatisticos ou comparativos; na verdade trata-se de uma conversa de um homem perplexo ao perceber que vive num país "condenado a singularidade", parafraseando Fernando Gabeira. Não adianta apenas construir escolas (o que é relativamente fácil do ponto de vista politico), mas sim reformar o ensino. O que é preciso é criar outro tipo de mentalidade nos brasileiros do futuro e isso se faz na alfabetização, nas primeiras séries até o ensino médio. Também creio que se deva estabelecer algumas metas claras pra superar limitações claras. O brasileiro em média lê 1,8 livro por ano (acredito que nem isso) ? Que se tenha uma meta de livros anuais por ano letivo. Quatro pra começar. È simples , fácil e barato. Em vinte anos teriamos um país de leitores e com certeza a violência diminuiria, assim como a qualidade de nossas vidas cresceriam a olhos vistos. Acredito sinceramente que ter cultura é o maior patrimõnio de um homem. Esse livro então é uma troca de idéias e apontamentos de educação prática. Que ele possa servir como uma lupa pra ampliar a realidade de quem lê já me dou por satisfeito pois como dizia Sócrates só há um bem, o conhecimento; só ha um mau, a ignorância.