*Torne seu Corpo um Lago*
A maturidade encontrou um jovem
Triste, cansado e sem esperança
Um punhado de sal num copo lança
E bebe dessa terrível aliança
O gosto é forte, deixe-me então sós
Repete, joga o punhado no mar
Suportável, com brandura vou tomar
Desta lição aprenda, desata os nós
A dor, meu jovem, é contínua, eterna
Na sabedoria, que é lição rotineira
Está o sabor que na boca externa
Na pendência do lugar que reservas
Joga o sal dos teus anseios profanos
Nas profundezas dos vulcões oceanos
Para que as profundezas o traguem
Teus pensamentos não os achem
Mas o sal que conduz a temperança
Está em tuas mãos hábeis que avança
Nas idéias que cativa o sonhador
No índice que formata o provedor
És o senhor dos teus atos, o juiz
O mestre versado em lições afins
O perito sagaz, que arranca da raiz
Os bônus da vida, os prós, os confins
Faz do teu corpo um lago extenso
Põe o sal na dosagem relevante
Para que o sabor degustado atuante
Seja o refúgio do amor censo a senso
Sonia Nogueira *songueira* |