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Contos-->Papai-Noel visita a favela! -- 10/12/2007 - 23:14 (Paulo Marcio Bernardo da Silva) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Papi Noel visita a favela!


- Lá vem Papai-Noel! Lá vem Papai-Noel!
- Grita o menino Sebastião, o “Tiãozinho tiziu”.
Pé no chão, sem camisa e short furado na bunda, o menino Tiãozinho desce correndo a viela da favela avisando o restante da garotada.

Logo aparecem crianças saídas de todos os barracos da proximidade. Mães, tias e outros parentes também acompanham o esperto garoto para esperar o “bom velhinho” chegar até a birosca de seu Matias.

Com um sino tocando, Papai-Noel sobe os becos da favela anunciando a sua chegada. O esforço é grande. Carregando um saco de brinquedos nas costas e com aquelas roupas pesada, vermelha e ainda usando gorro e barbas brancas bem grandes o pobre homem se esforça para tentar trazer um pouco de felicidade para a meninada. Outras pessoas fazem parte da comitiva trazendo mais brinquedos e alguns outros presentes baratos, doados por uma Ong amiga da comunidade.

Seu Matias logo reserva um único tamborete para o bom velhinho sentar. Tira da geladeira velha um litro d’água gelada e oferece ao Papai-Noel ofegante, cansado pelo esforço físico enfrentado. As crianças fazem barulho e o rodeiam com muita alegria.

Bem próximo, Tiãozinho Tiziu, com apenas 7 anos, têm seus olhinhos brilhantes e um sorriso aberto, pois só tinha visto Papai-Noel na televisão, e agora, pela primeira vez, estava frente à frente com o amigo que veio lhe trazer brinquedo. Quem sabe, seria aquela bola pra jogar lá no campinho do alto do morro? Ou até mesmo um carro de bombeiros, (sonho sempre revelado para sua mãe)?

Já descansado, Papai-Noel cumprimenta a todos com um alto Hô... Hô... Hô!... E fala afirmativamente: - Eu vim aqui, porque sei que vocês foram bonzinhos durante esse ano que passou, e por isso estou trazendo presentes para todos vocês.

-A garotada faz um barulho enorme. A alegria toma conta de toda a comunidade. Alguns pequeninos não sabem ainda se podem confiar em Papai-Noel e choram nos colos de suas mães.

E começa a distribuição dos presentes. No inicio da fila, uma menina, que por ser mais velha que Tiãozinho Tiziu, correu ladeira abaixo e garantiu o primeiro lugar. O “Bom-Velhinho” tira do seu enorme saco uma boneca e lhe presenteia. Sua irmã que a acompanhava ganha um ursinho de pelúcia e em seguida, nervoso e eufórico estava o menino que deu a boa notícia. Ele se aproximou de Papai-Noel, agarrou-o pelo pescoço dando um carinhoso beijo e pediu: - Papai-Noel, eu queria um carro de bombeiros, pois não tenho nenhum carrinho para brincar. E depois de algumas mexidas entre os brinquedos guardados no saco, Papai-Noel tira um bonito carro de bombeiros, daqueles com sirene e com lanternas (o melhor brinquedo entre os que ele levara; doado por uma pessoa anônima que pressentira o sonho do menino) e o entrega com muito carinho. A felicidade ficou estampada na face negra do pequeno menino. Tiãozinho saí da fila e dá lugar para que as outras crianças também recebam seus presentes.

A festa termina e Papai-Noel, sabendo que tinha cumprido com mais um ato de amor, despede-se da comunidade tocando a sua sineta e repetindo várias vezes seu Hô... Hô... Hô!

Porem nesse mesmo instante, ouvem-se alguns barulhos de fogos de artifício; não para se despedir de Papai-Noel, mas eram sinais usados por traficantes avisando a chegada da polícia. O tumulto foi total!

Mães tentavam proteger seus filhos, crianças desesperadas procuravam se esconder em qualquer barraco com portas abertas, Sr. Matias fechou rapidamente sua birosca e abrigou o maior número de pessoas possível.

Em meio à confusão, tiros traçantes eram vistos por toda a favela. Os estampidos dos fuzis AR-15 ressoavam alto e Papai-Noel procura descer mesmo prejudicado pelas bodas e as roupas pesadas. Tiãozinho Tiziu tenta fugir e subir rapidamente o morro levando em suas mãos o carro de bombeiros que ganhara há poucos minutos atrás.

Meia hora mais tarde, cessa os tiros e os rojões. O resultado do embate é triste, pois várias pessoas estão feridas e outros mortos. Entre as vitimas fatais, na parte de baixo da favela, caído atingido por um tiro está Papai-Noel. Seu sangue se confunde com a cor vermelha de sua fantasia.

Na parte de cima, alguns outros mortos. Tiãozinho Tiziu escapa, pelo menos dessa vez. Chorando, sem largar o seu presente mais bonito, volta a descer a favela e ao encontrar Papai-Noel morto, ele se abaixa e abraçando o corpo de Papai-Noel ele diz: - Que pena que você morreu! Eu sei que você vai fazer muita falta para muitas crianças, mas sei também Papai-Noel que você vai ter presentes para os anjinhos lá no céu!

E muito entristecido ele volta a subir os becos da favela. Seu Natal não vai ter mais a felicidade, pois muito mais que o carro de bombeiros foi a valiosa visita de Papai-Noel. Com sua morte, morreu também a esperança do pequeno “Tiãozinho Tiziu” e das outras crianças da favela.

Se estiverem vivos no próximo Natal, alguns meninos e meninas poderão descobrir que Papai-Noel não morreu; ele é e será para sempre o imortal “Super-Herói” das crianças de todo o mundo.

10/12/2007
Paulo M.Bernardo

• Espero que brinquedos e presentes possam fazer a alegria de muitas crianças, mas desejo mais: gostaria que todos pudessem receber de presente a “paz e a esperança”, pois elas são os presentes maiores e mais valiosos do mundo!

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