Nas coisas do coração sempre ia pelo caminho mais difícil. Havia tantas nuances que não saberia tomar um só caminho.
Embalava-se nas palavras escutadas, nos fundos musicais, nas curvas dos caminhos e perdia-se na luz dos olhares, no toque das peles e na profundidade dos abraços.
Nas coisas do coração as lembranças de caminhos estáticos e definidos lhe recordavam tropeços dolorosos e talvez por isto procurasse a permanente indefinição. Talvez por isto teimasse em colocar-se nas encruzilhadas que apontavam setas luminosas em todas as direções.
Permanecia na rotatória, girando em falso.
Nas coisas do coração não evitava detalhes e não poupava rodopios e curvas que nunca apontavam o porto seguro.
Nas coisas do coração não resumia descrições e talvez por isto nunca usasse palavras simples. Procurava inúmeras possibilidades, sonhava o que não havia, especificava demais.
Nas coisas do coração era, sempre e inevitavelmente, proparoxítona.