Êta Só, parece que cheguei, tamem foi mais de cem léguas de viage, nem to creditano que cheguei, consigo nem sabe mais, quar diferença da cantoria do meu Carro de Boi, dessas busina de tomove, tanta gente indo pro memo luga, isso deve de ta bom, muito bom só , diz que vai te até revista, mais pelo jeitão num vai te não, deixaro eu entra direto e eu to veno a Revista Veja e a Isto é do lado de fora, até memo a grobo ta pra fora, acho que não vai te revista não. Mais já que to aqui vó estacioná meu Carro de Boi carregadim de Quitanda que truxe pro meu Cumpadre Lula, lá debaxo daquela Manguera, só vó leva de vorta memo, a pareia de boi, mais óia só, quem to veno logo na entrada, o Zé Dirceu, dono da Casa prozeano com Palloci dono da Fazenda, que estranho né, ouvi dize que os dois são inimigo de morte, e tão na maió prosa, ouvi dize até que o Zé Dirceu tava contratano uns Jagunços, daqueles lá dos Sem Terra, pra invadi a Fazenda do Palocci, espursa ele de lá e toma posse de vez da Fazenda. Será que é verdade só? Mais acho que eles nem me viro, deixa pra lá, faz mar não, aqueles dois ali ao redor da fuguera acho que vão me vê, é o dono da Casa da Saúde, ora só ele ta sentado num garrafão de vinho Sangue de Boi, será que ele troxe, ou surrupio lá da Tuia da Saúde, acho mais provave que surrupio, mais ele ta de prosa com o Mercadante com aquele bigodão que mais parece o Só Mane lá da venda da Praça, pode se que o Mercadante deu o garrafão de vinho Sangue de Boi pra ele de presente, afinar dizem que ele é dono do tar de Salão Azur lá do Senado, deve de te acesso direto de todas as Tuias da Fazenda, tão falano de boca pequena quele tamem que toma posse da Fazenda do Palocci. êta só, essa fazenda deve de se meso de terra boa, com tanta gente quereno possuí. É mais pelo jeito esses dois tamem não me viro não. A mais aquele ali sozim perto daquela Paioça vai proseá comigo, é o Cumpadre Ruberto Rudrigue, esse sim é Fazendeiro e sabe tudo de Agricurtura, ta no lugá certo, quando me vê não se contenta de tanta alegria, me chama prunha prosa. O Cumpadre Ruberto, até quinfim achei arguem prá proseá, com que prazê cumpadre, vai quere pita um cigarrinho de paia, ó cumpadre eu num truxe paia, só truxe o fumo, tem probrema cumpadre, eu truxe um carro de mio é só descasca argumas espigas e faze nosso pitante, vamo senta ali naqueles toco pra nois faze nosso cigarrim e pita em pais, vamo cumpadre, parece meso que esse povo num ta me notano na festa, será sisma minha o é isso meso cumpadre, não da trela prece povo não, eles são assim meso, vamo fica aqui com nossa prosa de pé de ovido que mio. Cumpadre tão dizeno que aquela dupra de viola famosa, Zezé Di Camargo e Luciano vão canta de graça pra nois hoje é verdade? Cumpadre sabe que não, esses dois num canta de graça nem pros pais deles. É meso Cumpadre? Então quem vai paga a parte deles na festa, acho que vai sobra pra nois cumpadre. Fala nisso, o que o sinhó troxe pra judá na festa, ara cumpadre eu truxe um mei carro de mio pipoca que sobro da safra passada e mais uns dois ou treis fardos de batata doce que arranquei lá no fundo do quintá, e o sinhó cumpadre troxe o quê, há cumpadre, eu tinha que cumpri uma promessa que fiz pro cumpadre Lula quandele ganhó a eleição, prometi pra mim meso que daria prele, aquele meu veio carro de boi baruiento de mais de cem anos que já não tem mais serventia nenhuma lá na fazenda, proveitei pra enche ele de quitanda pra esse povo faze a festa. Será que isso que nois ta dano vai da pra paga nossa parte na festa compadre? A cumpadre, se num de, nois vai embora mais cedo, nué meso. O Compadre parece que vão começa a levanta o mastro do cumpadre Lula e eu vó chega lá perto pra Judá, porque tão dizeno por ai que quem pega no mastro do cumpadre Lula pra levanta, vai te uma boquinha lá no Pranarto. Vai então cumpadre ajuda levanta o mastro do cumpadre Lula, porque eu num vo não, afinar eu já to la no Pranarto, Inte Cumpadre, Inte.
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