Quando fiquei sabendo que o Ministério da Educação e Cultura, através do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação – FNDE, estava distribuindo aos alunos de quarta e quinta séries uma coleção de cinco livros de autores consagrados, clássicos e contemporâneos, não pude deixar de ficar feliz. A antiga luta para se conseguir colocar livros nas mãos das crianças menos favorecidas, principalmente aquelas das pequenas escolas do interior e da periferia das grandes cidades, escolas que nem bibliotecas tinham, parecia estar dando resultado. Finalmente aquelas crianças que, em muitos casos, vêm de famílias que não podem sequer comprar os livros didáticos, necessários ao estudo, receberiam livros de autores como Lygia Fagundes Teles, Machado de Assis, Drummond, Gonçalves Dias, Mário Quintana, Pedro Bandeira, João Ubaldo Ribeiro, Ana Maria Machado e outros.
E, no primeiro semestre deste ano, realmente, o chamado programa “Literatura em Minha Casa”, inserido na campanha “Vamos fazer o Brasil um país de leitores” começou, segundo alguns professores que conheço e também segundo a mídia, que noticiou, a distribuir a “cesta básica” de livros aos estudantes.
Meritória e necessária iniciativa levada a efeito, com enormes dividendos para a educação e a cultura deste país, que se propõe a beneficiar leitores em formação que teriam, desse modo, livros para que pudessem então, adquirirem o gosto pela leitura.
E ótimo negócio para as editoras que venderam, de uma só vez, uma quantidade recorde de livros por um valor de cerca de sessenta e sete milhões, segundo o MEC, que pagou a conta. E que não fez mais do que obrigação, é claro.
Mas, pasmem, era muito bom para ser verdade. Já tomei conhecimento de denúncias, feitas por pessoas respeitáveis envolvidas com educação, de que algumas escolas, em alguns pontos do Brasil, não estão entregando os livros para os estudantes porque, entre outras desculpas esfarrapadas, “eles não saberiam cuidar dos mesmos”, “eles estragariam os livros” e “nós entregaremos mais tarde”.
Isto é possível? O programa do MEC previa entrega de cinco livros para cada criança que estivesse na quarta e quinta séries. E previa, também, que as escolas receberiam uma coleção de trinta títulos para incrementar suas bibliotecas ou iniciar uma onde não houvesse.
Isso é crime. Negar um direito das crianças, negar-lhes o acesso aos livros que lhes pertencem é um ato que deveria ser punido severamente.
Os livros são caros e, mesmo havendo aquelas edições econômicas nas bancas de jornais, com preços menores, há quem não possa pagar. E como há. Então, quando finalmente, num lampejo de consciência, os responsáveis pela educação pensam na carência de leitura de tantas das nossas crianças, a própria escola nega-se a cumprir esse direito e não entrega os livros aos seus legítimos donos?
Que escola e essa? Que pais e esse?
Leia mais no Portal PROSA, POESIA & CIA.
do Grupo Literário A ILHA em
Http://planeta.terra.com.br/arte/prosapoesiaecia |