E então te vi partir.
Teu rosto querido,
teu falar destemido
teu corpo sofrido em solidão,
perdido.
Te vi partir
por minha descrença,
na real capacidade
de viver tua presença.
Te vi partir com meus medos
minha ansiedade,
meu pensamento a gemer,
meu bem querer,
minha insaciedade.
Temendo tua força
e teu querer me domar,
te vi partir,
olhar triste,
a não se conformar.
Foi-se contigo o fim de semana,
o nirvana beijado,
a risada livre
o sabor desconhecido,
o desejo alado.
Foi-se contigo a borboleta que,
abobada,
nos olhava pela janela fechada,
querendo entrar.
Foi-se
minha inconsistência,
minha irrelevância,
minha impermanencia
meu terror
meu temor do amor.
Contigo partiu minha tentativa
do desconhecido.
Foi-se a destemperança,
meu bem querer contido,
o poeta, o escritor, a criança,
o meu amigo querido.
Contigo se foi
minha vã tentativa,
meu amar foragido,
meu sorriso incontido.
No regaço o vazio,
de teu olhar desvanecido,
um aniversário perdido
meu desvario,
meu coração partido.
Ti
02/08/08
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