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Contos-->A Assassina (parte final) -- 30/09/2007 - 14:37 (Ulisses de Abreu) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos





Claudio permanecia em silencio, apenas se dava o trabalho de uma vez ou outra olhar na direção de Camila, que agora, totalmente transtornada, movia-se enlouquecida a cada instante para uma direção diferente da sala. Ela esbravejava, chamando-o dos piores nomes e como se já não fosse o bastante, começou a ameaçá-lo:
_se você acha meu querido, que eu vou deixar impunemente, você jogar cinco anos da minha vida na privada! Está redondamente enganado! -, nessa hora, Claudio levantou-se assustado, chegou bem perto de Camila e disse:
_melhor a gente terminar essa conversa amanhã, você não esta em condições de...,
Naquele momento, uma raiva ainda maior tomou Camila por completo, definitivamente, ela já não era a mesma Camila de antes, dentro da sua mente pensamentos banhados em ódio multiplicavam-se aos montes como se fossem pragas irreversíveis, e de repente, toda aquela raiva, todo aquele desespero criaram dentro dela razões nunca antes imaginadas, e pela primeira vez na vida Camila sentiu o gosto do sangue em sua boca. E ao contrario do que se poderia imaginar esse sentimento de morte a deixou com uma calma predadora. Então, com um semblante aparentemente mais tranqüilo, mas, que na verdade camuflava uma mulher tomada por um sentimento ruim, e que, devido a isso a partir daquele momento tornava-se totalmente imprevisível. Camila dirigiu-se novamente ate o bar, serviu-se colocando no copo o resto do uísque que restava na garrafa e como o seu copo ainda não estava nem na metade, virou-se para Claudio que já estava novamente sentado no sofá e perguntou:
_ não tem mais uísque meu bem?
_ tem sim! Abra a porta a sua esquerda. Camila pegou a garrafa, abriu vagarosamente e terminou de encher o seu copo, em seguida ofereceu:
_quer mais meu bem?
_não, pra mim já foi o bastante e acho q você também já ta passando do...
_você acha mesmo meu amor! Dito isso, Camila deu uma gargalhada típica de uma pessoa em completo desespero. Depois, segurando o copo com a mão esquerda e a garrafa de uísque com a outra mão, Camila começou a caminhar pela sala, enquanto Claudio que demonstrando pouca paciência e muito cansaço deixou cair à cabeça sobre as próprias mãos como que para ampará-la. Camila aproximou-se, dando a volta por trás do sofá onde Claudio estava sentado, e, com todo o ódio do mundo em sua mente, segurou a garrafa pelo gargalho a levantou acima da sua cabeça (como se tivesse segurando na mão uma machada ao invés de uma garrafa) descendo-a em seguida com rapidez e muita força na direção da cabeça de Claudio. O impacto foi tão forte, que nas mãos de Camila, da garrafa, sobrou apenas o gargalo, o resto espatifou-se completamente ao atingir a cabeça de Claudio. Ele tombou vagarosamente sobre o sofá, não teve a menor chance de se defender e muito provavelmente essa era uma situação cuja qual ele jamais esperava que pudesse acontecer-lhe, visto que, havia abaixado completamente a guarda. Entretanto, não se ouviu por parte dele um único gemido, apenas tombou como se tombam as arvores após terem sido covardemente cerradas. Camila ainda estava em pé, olhava-o distanciando-se dele em pensamentos, mas, no entanto, paradoxalmente aproximando-se cada vez mais, e logo pode perceber que havia feito um estrago enorme na cabeça do seu amado... E conseqüentemente, ela gritou! E o seu gritou ressonou dentro dos ouvidas dela muito mais alto e pavoroso que no interior da sala. Em seguida, atirou-se sobre ele totalmente transtornada, abraçando-o, tomando-o em seus braços com a intensidade e a emoção que uma mãe desesperada seguraria um filho ferido. De repente! Sentiu a mão de Claudio, gritou de susto e dor ao sentir a as unhas de Claudio cravando-se em seu pescoço desesperadamente como alguém que pressentindo a morte seguraria a primeira coisa que aparecesse a seu alcance na intenção de salvasse. Camila arrancou a mão de Claudio do seu pescoço num ato de puro instinto. Nesse instante, Claudio olhou bem dentro dos olhos de Camila e movendo os lábios com extrema dificuldade tentou inutilmente falar alguma coisa, mas, não conseguiu, morreu naquele momento com os olhos abertos mirados na direção de Camila. Ela ajoelhou-se aos pés do amado e começou a chorar compulsivamente.

Saiu do banheiro enrolada em uma toalha rosa, tinha os olhos vermelhos e inchados por tanto chorar. Dirigiu-se para o quarto, e atirou-se na cama como uma pedra. Sua vida agora era o próprio inferno, dentro de si um turbilhão de pensamentos se formava, a levando uma hora para uma atitude radical outra hora para um lugar bem próximo a loucura. Nada mais para ela valeria à pena, nem mesmo a família poderia salva-la visto que, não conseguia sequer admitir a imagem da mãe vendo-a enjaulada e condenada como uma assassina. Olhou mais uma vez para o relógio e viu que a madrugava caminhava a passos largos; no entanto, com toda a tranqüilidade do mundo, abriu o guarda roupas e escolheu entre seus vários vestidos aquele do qual ela mais gostava e que por coincidência também era o mais caro... Enquanto se olhava no espelho e se arrumava com o cuidado com o qual se arruma uma mulher para uma festa de gala; Camila relembrava seus últimos momentos no apartamento do morto...



Quando por fim, acalmou-se, viu que tinha matado. Que matou o seu amado. Que Claudio estava morto e que para ela nada mais faria sentido nessa vida, e que ela havia se transformado em uma assassina, em um monstro. No entanto, o que mais lhe doía era o fato de em momento algum ter imaginado que aquele seu ato impensado poderia chegar a matá-lo. E começou a repetir para si mesma “eu não queria matar, não, eu juro! Que não queria matar” e todas aquelas vozes dentro da sua cabeça “eu não queria, não, não... Deus!”, ficou assim andando de um lado para o outro e falando de si para consigo por pelo menos meia hora. Muitas eram as razoes as quais levavam as pessoas a cometerem um assassinato, todavia, poucas eram as explicações que soariam convincente perante a si próprio ou um juri. Mesmo Camila tendo dentro de si a certeza que em nenhum momento pensou com clareza em matar; sabia que havia selado definitivamente o seu destino, e que aquela era uma situação da qual restava pouquíssimas opções ou saídas. Então, se deu conta que precisava sair dali, que precisava ir. E deixando sorrateiramente o apartamento de Claudio, subiu pela escada silenciosamente ate chegar ao seu apartamento que ficava a dois andares acima.


Camila usava um vestido vermelho que lhe dava formas sinuosas e a deixava uma linda mulher. No rosto, maquiagem bem desenhada realçando seus olhos negros e suas bochechas perfeitas e rosadas. Nos lábios, batom rosa fosco, no pescoço, um colar de esmeraldas que Claudio havia lhe dado na mesma noite em que lhe tirara a virgindade. Olhava-se e virava-se a fim de admirar-se em todos os ângulos possíveis em frente a um exuberante espelho que cobria uma parede inteira da sua enorme e luxuosa sala. Camila viu-se bela e ao mesmo tempo mórbida de uma maneira como nunca havia visto, acariciou seus cabelos louros, arrumou cuidadosamente o vestido fazendo com que lhe mostrasse melhor os seios e os ombros. Trazia nas mãos sua inseparável bolsa de couro rosa onde num tom de ironia sempre dizia caber mais coisas que no mercado central da cidade. Tirou de dentro da balsa varias embalagens de medicamentos entre os quais: loratadina para rinite, neosaldina para enxaqueca, lexotam e fluoxetina que tomava freqüentemente para combater a ansiedade e a insônia. Colocou sobre a palma das mãos alguma coisa entre quarenta e cinqüenta comprimidos de lexotam e fluoxetina quase na mesma proporção de cada. Em seguida, com a ajuda de um copo duplo de água começou a tomar em grupos de cinco o seu coquetel mortífero; após dois minutos não havia um único comprimido em suas mãos. Em seguida, Camila completamente grogue caminhou ate a janela e abriu a cortina na intenção de deixar entrar o sol que anunciava o inicio de um novo dia, depois, cambaleando sentou-se no sofá. Camila morreu meia hora depois, com uma espuma branca lhe cobrindo o batom e a boca e com os olhos abertos mirando o vazio como se estivesse tentando encontrar alguém. E os raios solares que nada tinham haver com isso, penetraram a sala por completo e sobre a pele mórbida de Camila indiferentemente deixaram a sua marca.






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