Céu cinzento
Céu, és sempre lindo, ó céu!
Mesmo quando as nuvens escurecem,
quando te fazes cinza ao invés do azul
claro, que sempre ostentas.
Continuas belo, majestoso, infinitamente
grandioso. E essa beleza, majestade e
e grandeza faz-me tão bem.
O cinzento cair da chuva entra e me invade
por fora e por dentro. Minha alma afoga-se
nesse pântano. Como quem só quer se lavar
deixa-se levar. Entrega-se a ti e esquece de si.
Não tem medo do escuro, acostumou-se à cor
cinzenta e já cinzenta se faz. É a cor do pranto
e do lamento, do sofrimento, que não desiste de
me visitar. E dia e noite me atormentar.
Doce céu cinzento, altivo e infinito, ermos nevoeiros
sois os atoleiros onde se esconde todo o meu penar.
Ó céu amigo, fica comigo.
Mesmo cinzento, és o alento do meu sofrimento.
Lita Moniz
|