Certo dia, num bate-papo com um colega, tentávamos traçar um perfil psicológico dos médicos, e em particular dos pediatras, quando fomos interrompidos. Fiquei curioso e em casa procurei respostas nos tratados de Freud para entender porque nós pediatras, continuávamos a acreditar em nossos governantes, na melhoria de salários e no Sistema de Saúde. Seria fixação na primeira infància? Continuávamos a acreditar em Papai-Noel, cegonha e contos de fadas?
Trilhei a seguir o mundo do cinema, e tentei me identificar com o E. T, Estranho no Ninho ou Blade Runner.
Seríamos talvez masoquistas com os sentimentos de culpa enraizados culturalmente pelas várias tendências religiosas, que nos ensinaram que deveríamos sofrer para ganhar o reino do céu?
Seria carma então, ser pediatra?
Nas artes plásticas me senti como um quadro impressionista ou surrealista, admirado, porém pouco entendido.
Na literatura reli Maquiavel e busquei um paralelo entre o complexo sistema político-económico brasileiro e nós, pediatras.
Já estava me dando por vencido, quando senti que as respostas não estavam no mundo exterior.
Olhei então para dentro de mim, e descobri que era apenas um ser humano que ainda acreditava no Amor como a única razão para se viver. Assim seríamos e somos todos nós PEDIATRAS.
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