Campeã de nada
Porradas mil a vida me deu
com algumas aprendi, a outras
sucumbi.
Maus hábitos assimilei, sem lei,
sem freio, sem paz, pela vida
afora caminhei.
Ridícula de arrancar risos, absurda
de pasmar, mesquinha pela miséria
a rastejar.
Enxovalhada, calada, palhaça sem
graça, rica de nada, malcriada, louca
desvairada.
Que chakra imbecil pus na minha boca
que escancara a loucura que o mundo
procura.
Que socos tamanhos tenho levado e
de outros maiores me tenho desviado,
A angústia do ridículo se fez companheira,
faceira, de tanto rir de mim, enrola-se inteira.
Infame, invento e solto ao vento gargalhadas
mil diante do sofrimento.
Cobarde de fazer dó, inconstante, mudando
de rumo a todo o instante. Da calma distante.
Arre! Estou farta de mim, até quando vou ser
assim, campeã de nada, uma boa piada.
Lita Moniz
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