Nada Mais
Sou um mosaico em branco
e ali nada mais quero escrever.
Se ainda há outras opções à minha
espera, não cabe a mim escolher.
Parei de sonhar, de desejar, não há
o que querer além do prazer de viver.
Os meus exércitos depuseram as armas,
foram-se, nem vencidos nem derrotados,
simplesmente cansados.
Foram procurar “ A Ilha dos Amores”
para se livrarem das dores.
Deixaram-me aqui sozinha, só me
disseram: - ficas bem, és do mar vizinha.
Sigo abstrata na vida, sem nome, sem
leme. O número da porta, já não
importa. E tudo isto é a sensação mais
plena que se pode ter do que se chama
viver.
Tranquei a vida; nem pastora, nem
professora. Deixem-me olhar o céu
e o mar; deixem meus olhos pastar,
deixem-me aqui ficar sem horas para
contar.
Deixem que devagar os dias passem,
devagar as noites cheguem, devagar,
bem devagar os meus pensamentos
lentos consumam os momentos.
Deixem-me assim perto de mim,
bem natural, agora sim, a vida
parece ser real.
Lita Moniz
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