Em Defesa da VASP
(Por Domingos Oliveira Medeiros)
A VASP é, inegavelmente, uma empresa bastante conhecida; e, durante muito tempo, admirada por todos os brasileiros. Registra, ao longo de sua caminhada, a prestação de inúmeros e bons serviços prestados ao país. Gerando emprego e renda; pagando impostos; transportando passageiros, de férias ou a trabalho, com os seus sonhos e as suas realizações pessoais ou profissionais rotineiras.
Mas a VASP, como qualquer pessoa, também adoece. E a VASP adoeceu. Padece de um mal, ainda não muito bem diagnosticado, que a impede de andar com suas próprias pernas.
É uma situação constrangedora. Principalmente porque a VASP possui, hoje, cerca de 2 mil funcionários - centenas de famílias -, que dela dependem diretamente para o seu sustento. É certo que as autoridades competentes estão tentando encontrar uma cura para o mal. Os exames estão em curso: auditoria contábil, património, ativos e passivos, estão sendo analisados. Aspectos de ordem económico-gerenciais, também.
Alguns dados já constam do seu prontuário. São 25 aeronaves em condições de operar, e seis paradas por determinação do Departamento de aviação Civil. Todas as 140 rotas concedidas, foram cassadas em 2004. A dívida hospitalar da VASP, com a doença, já atinge a casa de R$2 bilhões de reais, segundo estimativa do mercado. E para completar o quadro clínico, em face da repercussão que o caso está tendo junto à mídia, a VASP conta hoje com apenas um por cento do mercado onde atua. Por tudo isso, os "médicos"" não estão otimistas em relação à sua recuperação.
E por que a minha posição em favor da VASP? Porque entendo que o caso não está sendo levado ao conhecimento do público com a clareza e a adequação que se fazem necessárias. E explico: o enfoque é o de ordem meramente económico. Em prejuízo da pessoa jurídica, da VASP, que deveria ser melhor respeitada. Afinal de contas, a imagem da VASP foi conquistada com muita luta, trabalho e dedicação de seu excelente corpo de funcionários; de terra e do ar; e também por várias diretorias que por lá passaram, deixando a marca de sua competência,
A imagem da pessoa jurídica, na verdade, está sendo destruída. Enquanto a imagem da pessoa física, das que comandam e determinam os rumos da empresa, está sendo, de certa forma, preservada. Bem como preservada por omissão, estão sendo outras variáveis; que ajudaram, muito provavelmente, a compor o quadro doentio da empresa: política económica (nacional e global), privatização e etc.
Vale lembrar, por oportuno, as palavras do Papa João XXXIII, em sua Encíclica Mater et magistra: "E necessário examinar se as estruturas, o funcionamento, os ambientes de um sistema económico não comprometem a dignidade humana daqueles que desenvolvem a sua atividade nele...".
É preciso ter em mente que a principal finalidade do desenvolvimento económico "não é um mero crescimento da produção, nem o lucro, nem o poder, mas o serviço do homem integral, tendo em conta as suas necessidades de ordem material e as exigências da sua vida intelectual, moral, espiritual e religiosa".
O povo precisa saber que doença acometeu a VASP. Quais as causas desse mal? E se o vírus (ou o micróbio) já foi isolado, qual o seu nome, e se já existe vacina ou antibiótico capaz de eliminá-los; restabelecendo a saúde do paciente, de preferência sem deixar sequelas que o impeçam de retornar à s suas atividades, com o mesmo vigor de anos passados.
27 de janeiro de 2005
|