Desci a serra,
tateei suas curvas
margeadas por mata verde
sem perder o rumo da trilha.
Sabia quem eu era
e para onde ia.
Não vi onça pintada,
nem macaco no cipó,
conforme meu avô contava.
Vi montanhas e vales
acobertados de manacás,
bambus e quaresmeiras,
o olhar de minha avó.
Desci a serra,
avistei o mar que me esperava,
com braços esparramados na areia.
Fiz o resto do contorno
rodeado de marias-sem-vergonha
- um ímpar sorriso colorido -
até o final desse caminho.
Heleida Nobrega
Heleida Nobrega, julho de 2008
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